Ciência e Saúde

Pesquisadores brasileiros desvendam como o cogumelo flor de coco se ilumina

O processo é regido por um relógio biológico, parecido com o humano, e serve para atrair espécies polinizadoras

Roberta Machado
postado em 21/03/2015 08:04

O processo é regido por um relógio biológico, parecido com o humano, e serve para atrair espécies polinizadoras

Uma lâmpada acesa perto de uma área arborizada parece servir como verdadeiro farol para todo o tipo de inseto. Atraídos pela luz, esses bichos que rodeiam a fonte luminosa se tornam presa fácil, e alguns chegam a se queimar no objeto hipnótico. Mas esse fenômeno não acontece somente com as fontes de luz artificial. Assim como as lâmpadas elétricas, há cogumelos que se acendem como se estivessem ligados na tomada e também atraem animais desavisados. Uma nova pesquisa brasileira descreve como esse processo acontece e mostra que os fungos sabem exatamente quando é a hora de ligar a armadilha luminosa.

A pesquisa, publicada na Current Biology desta semana, é fruta de uma colaboração entre a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e a Dartmouth;s Geisel School of Medicine, nos Estados Unidos. A equipe de pesquisadores estudou como o cogumelo Neonothopanus gardneri, conhecido no Brasil como flor de coco, emite uma brilhante luz verde todas as noites na Mata dos Cocais, localizada na Região Norte do país. A espécie foi descoberta há mais de 170 anos e, até então, nenhum estudo havia demonstrado como o brilho noturno funciona.

A frutificação foi colhida do fungo e criada em laboratório, onde foi submetida a ciclos de luz e escuridão de 12 horas, como dias e noites artificiais. Depois, as culturas foram transferidas para uma sala totalmente escura por seis dias. O teste mostrou que o brilho dos cogumelos não é constante e que, na verdade, ele oscila seguindo um ciclo de 22 horas ; a intensificação luminosa começa algumas horas depois que o ambiente escurece. ;Vimos que essa luz é muito mais forte à noite. Durante o dia, você não percebe, não fica visível. É como se o fungo tivesse uma lanterna para chamar a atenção em uma mata fechada;, conta Anderson Oliveira, que conduziu o estudo como trabalho de pós-doutorado.

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