Ciência e Saúde

Movimento utiliza elementos da biologia na criação de obras artísticas

A tendência, contudo, é alvo de controvérsia e debates éticos

postado em 24/12/2015 06:10
Joe Davis é um artista que não trabalha somente com tinta e tela, mas também com genes e bactérias. Em 1986, ele colaborou com o geneticista Dan Boyd para codificar um símbolo para a vida e a feminilidade em uma bactéria E. coli. A peça, chamada Microvenus, foi a primeira obra a usar ferramentas e técnicas da biologia molecular. Desde então, a bioarte se tornou uma das muitas formas de expressão contemporânea, como a nanoarte, que utiliza métodos e tecnologias científicas para explorar sistemas vivos como objetos artísticos. Esse campo crescente mereceu um especial na revista especializada Trends in Biotechnology.

A bioarte vai da manipulação de bactérias para fazê-las assumir a forma de coelhos fluorescentes a esculturas celulares, passando ; no caso da artista australiana Nina Sellars ; pela documentação de uma orelha prostética implantada no braço de um homem. Na perseguição pela criação artística, os praticantes geraram ferramentas e técnicas que ajudaram pesquisas, mas também deram fruto a obras controversas, como lançar espécies invasivas no ambiente. Além disso, embaraçam as linhas entre arte e biologia, o que pode levantar questões filosóficas e ambientais que desafiam o pensamento científico.

;A maior parte das pessoas não sabe que a bioarte existe, mas ela pode ajudar cientistas a terem novas ideias, além de nos dar oportunidade de olhar para os problemas de maneira diferente;, analisa Ali K. Yetisen, que trabalha na Faculdade Médica de Harvard e no Centro Wellmen de Fotomedicina, do Hospital Geral de Massachusetts. ;Ao mesmo tempo, há uma grande quantidade de questões éticas e de segurança. Artistas que quiseram se envolver nisso no passado cometeram alguns erros;, ressalva.

Erros e acertos
Há diversos exemplos de saberes científicos obtidos graças à expressão artística, lembra o especialista. Entre um experimento e outro, o biólogo britânico Alexander Fleming pintava paisagens, às vezes sobre o papel, outras em placas de Petri, usando bactérias. Em 1928, depois de se afastar brevemente do laboratório, ele notou que porções desses ;germes pintados; haviam morrido. A culpa era de um fungo, a penicilina, uma descoberta que revolucionaria a medicina por décadas. Já em 1938, o fotógrafo Edward Steichen usou um composto químico para alterar geneticamente plantas do gênero Delphiniums, com o objetivo de produzir variações esteticamente interessantes do vegetal. Essa substância, a colquicina, mais tarde seria utilizada por agricultores para produzir mutações em grãos e plantas ornamentais.

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