Ciência e Saúde

Pesquisadores descobrem oito espécies de aracnídeos na Amazônia

O mesmo trabalho de análise também está sendo feito com outros espécimes localizados em diferentes áreas do Brasil

Roberta Machado
postado em 18/02/2016 11:18
O mesmo trabalho de análise também está sendo feito com outros espécimes localizados em diferentes áreas do Brasil
Pesquisadores brasileiros identificaram na Amazônia oito novas espécies de um aracnídeo conhecido como aranha-chicote. A descoberta dobra o número de espécies conhecidas desse tipo de animal no Brasil e indica a provável existência de muitas outras ainda não documentadas. Agora, o país também tem a maior variedade de animais da ordem Amblypygi: 25, de um total de 170 em todo o mundo. O artigo que descreve os novos bichos foi publicado ontem na revista especializada PLOS One.

Os animais descobertos agora são do gênero Charinus. ;Nós os chamamos de aranha-chicote, mas, na verdade, não são um grupo de aranhas. São parentes delas;, ressalta Gustavo Silva, aluno de pós-doutorado no Centro de Macroecologia, Evolução e Clima na Universidade de Copenhagen. Além de não produzir teia, esses animais usam o primeiro par de pernas como um tipo de antena, mantendo-o erguido para a frente, como um longo chicote em punho, o que dá ao animal seu nome popular.

Também conhecidos como aranhas-tratores, eles não são venenosos, medem cerca de 2cm e têm hábitos tímidos. A sensibilidade à luz leva os bichos a se manterem escondidos sob folhagens e dentro de cavernas e buracos, o que torna sua localização difícil. A aparência é outro obstáculo à identificação. ;É difícil distinguir ao olho nu, mas debaixo do microscópio é possível;, ressalta Silva, que deu início ao trabalho quando fazia mestrado no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O trabalho também é assinado por Alessandro Ponce de Leão Giupponi, da Fundação Oswaldo Cruz.



Os animais, que faziam parte das coleções de diferentes instituições, foram identificados com base na ausência dos olhos medianos, no número de articulações das pernas e na forma da genitália feminina. O mesmo trabalho de análise também está sendo feito com outros espécimes localizados em diferentes áreas do Brasil ; os pesquisadores estimam que possa haver outros 15 tipos de aranhas-chicotes brasileiras ainda não descritas.

Metade das espécies recém-descritas, no entanto, são de hábitats ameaçados e podem desaparecer em breve. Os aracnídeos batizados como C. carajas, C. ferreus e C. orientalis estão sob o perigo da atividade mineradora de Carajás, e o C. bichuetteae foi localizado na área que será inundada pela obra da usina hidrelétrica de Belo Monte.

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