Ciência e Saúde

Pessoas se tornam mais cautelosas com o passar dos anos, diz estudo

A tendência, contudo, depende também de condições sociais favoráveis. Em países mais pobres ou violentos, jovens e idosos apresentam comportamentos de risco semelhantes

Vilhena Soares
postado em 23/02/2016 06:00

A tendência, contudo, depende também de condições sociais favoráveis. Em países mais pobres ou violentos, jovens e idosos apresentam comportamentos de risco semelhantes
;O maior risco é não se arriscar.; A frase foi dita por um jovem e audacioso Mark Zuckeberg, o fundador da rede social mais popular do planeta. Mas, daqui a três ou quatro décadas, o empresário, hoje com 31 anos, continuará dando conselhos desse tipo? Provavelmente, não, aponta a ciência. Se tudo correr bem para o norte-americano, por volta de 2050, ele reunirá as duas condições que, segundo um recente estudo, torna as pessoas mais cautelosas: ele será idoso e não viverá sob condições de vulnerabilidade social.

Publicada na revista Psychological Science, a pesquisa ; feita por especialistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, e da Universidade da Basileia, na Suíça ; conseguiu mostrar que a idade, apesar de ser um fator relevante para que as pessoas passem a evitar decisões arriscadas, não é o único fator da equação. De acordo com os autores, o ambiente social no qual uma pessoa cresce também faz toda a diferença.

A conclusão é baseada em uma revisão de estudos sobre o tema. A partir dessas análises anteriores, os pesquisadores conseguiram colher dados sobre a propensão a assumir riscos ; físicos, sociais, jurídicos e financeiros ; de pessoas entre 15 e 99 anos de 77 países. Ao todo, os cientistas puderam comparar 147.118 respostas dos indivíduos. Eles notaram, então, que, em países como Alemanha, Rússia e Estados Unidos, à medida que envelhecem, as pessoas se tornam mais e mais cautelosas. Também nessas nações, homens costumam ser mais audaciosos que mulheres.

No entanto, ao olhar para os dados de países como Nigéria, Mali e Paquistão, os autores notaram um padrão diferente. A tendência a assumir riscos, nesses lugares, permanece equilibrada tanto entre gêneros quanto entre indivíduos de diferentes idades.

Desenvolvimento
Os pesquisadores acreditam que a diferença de desenvolvimento econômico entre os países é um fator de peso na determinação da mudança de comportamento. Eles compararam a propensão a assumir riscos com os padrões atuais de vida nos países, focando dificuldades como pobreza econômica e social, taxa de homicídios, renda per capita e desigualdade econômica.

;Fomos capazes de mostrar que, em países com grande pobreza e condições de vida difíceis, a propensão para assumir riscos continua a ser elevada, mesmo na velhice. Uma razão pode ser que os cidadãos dos lugares em que os recursos são escassos têm de competir uns com os outros mais intensamente do que nos países mais ricos;, explica ao Correio Rui Mata, um dos autores do estudo e professor do Centro de Ciências Cognitivas na Universidade da Basileia.

;Nós inferimos isso porque, entre os indivíduos de países mais pobres (por exemplo, com PIB inferior) e mais perigosos (por exemplo, com taxas de homicídio mais altas), a propensão a assumir riscos mostrou diferenças mínimas nos dados de jovens e idosos;, completa o pesquisador, interessado no estudo de semelhanças globais e especificidades locais no comportamento humano.

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