Ciência e Saúde

Estudo revela que o Homo floresiensis desapareceu há cerca de 50 mil anos

A extinção da espécie humana apelidada de "hobbits", a partir dos personagens de ficção devido à baixa estatura, coincidiu com a chegada do homem moderno à região que ele habitava

Paloma Oliveto
postado em 31/03/2016 07:42
Pesquisas em caverna da Ilha das Flores, onde foram escavados fósseis da espécie arcaica: extinção cerca de 40 mil anos antes do que se pensava

Quando, em 2003, as duas principais revistas científicas do mundo ; Nature e Science ; divulgaram a descoberta de uma nova espécie humana, houve um rebuliço maior do que o esperado para esse tipo de anúncio. Afinal, a jornada evolutiva foi longa e, até então, já se havia descrito um punhado de fósseis de ancestrais, como o Homo erectus e o Homo habilis. Mas não se tratava de apenas mais um. O que os paleontólogos tinham nas mãos eram os restos mortais de uma criatura arcaica, que media 1,06m e pesava 30kg e coabitou a Terra com o homem moderno há 12 mil anos, quando este já tinha a aparência de hoje e estava começando a abandonar o estilo nômade.

Comparação dos crânios do Homo floresiensis e do Homo sapiens

[SAIBAMAIS]Chamados popularmente de hobbits, em referência aos homenzinhos da obra de J. R. R.Tolkien, os fósseis (depois do primeiro esqueleto quase completo, foram encontrados outros, mais danificados) significam um momento singular da história. Em uma parte do mundo, o homem moderno era soberano. Em outra, na Ilha de Flores, Indonésia, vivia uma população arcaica do ponto de vista evolutivo. Agora, a revista Nature volta a dar destaque aos pequeninos habitantes da Oceania. Novas datações indicam que, na realidade, os hobbits foram varridos da Terra bem antes do imaginado, há cerca de 50 mil anos.

Embora o estudo não faça conclusões a respeito, os pesquisadores lembram que foi por essa época que o Homo sapiens chegou à região. Também nesse período, os registros fósseis indicam um desaparecimento súbito de outras espécies que habitavam aquela parte do mundo: abutres, marabus (cegonhas gigantes), dragões-de-komodo e do estegodonte, um gênero extinto de elefante pigmeu. ;É muito provável que os humanos modernos tenham alcançado as ilhas do sudeste asiático ao mesmo tempo em que o Homo floresiensis e outras espécies entraram em extinção. Precisamos entender melhor o porquê;, diz, com cautela, Matt Tocheri, pesquisador de origens humanas da Universidade de Lakehead e do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos, e coautor do trabalho.



Entre as possíveis razões, contudo, não há como descartar que a presença do Homo sapiens tenha contribuído para o sumiço dos hobbits, da mesma forma que se postula em relação aos neandertais ; outra espécie humana que desapareceu da Europa pouco tempo depois da chegada do homem moderno. ;Nós temos de manter em mente que não temos evidência da presença do homem moderno em Flores naquele tempo, há mais ou menos 50 mil anos atrás. A evidência mais antiga disso data de 11 mil anos atrás. Mas sabemos que os homens modernos estavam em outras ilhas da região por volta dessa época e alcançaram a Austrália há 50 mil anos. Pelo menos para a Austrália, o peso da evidência aponta para os humanos desempenhando um papel decisivo na extinção de animais endêmicos gigantes, a megafauna, que vagueavam pelo continente;, afirma Bert Roberts, também autor do trabalho e pesquisador da Universidade de Wollongong, na Austrália.

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