Ciência e Saúde

Grande Barreira de Coral pode não sobreviver ao aquecimento global

Adaptação da Grande Barreira de Coral ao aquecimento global será ineficaz diante de um aumento de 0,5ºC na temperatura do planeta. Monumento natural corre grande risco, uma vez que projeções indicam elevação entre 2ºC e 4ºC até 2100

Paloma Oliveto
postado em 15/04/2016 06:10
Adaptação da Grande Barreira de Coral ao aquecimento global será ineficaz diante de um aumento de 0,5ºC na temperatura do planeta. Monumento natural corre grande risco, uma vez que projeções indicam elevação entre 2ºC e 4ºC até 2100

Um dos mais belos patrimônios naturais da humanidade, a Grande Barreira de Coral pode não sobreviver à pressão imposta pelo aquecimento do planeta. Nos últimos anos, constatou-se que esse paredão composto por quase 3 mil recifes e 300 atóis estava conseguindo driblar o aumento de temperatura por meio de um mecanismo de adaptação. Contudo, uma nova pesquisa publicada na revista Science indica que, diante dos cenários futuros de mudanças climáticas, isso não será suficiente para impedir o colapso do maior recife de corais da Terra.

De acordo com pesquisadores do Centro de Excelência de Estudos de Recifes de Coral (Coral CoE) da Universidade James Cook e da Universidade de Queensland, além da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOOA), os cenários futuros das mudanças climáticas são incompatíveis com a preservação dos recifes. Um aumento de apenas 0,5;C pode fazer com que os corais percam a capacidade de se defender, afirmam. Nos últimos 100 anos, o planeta ficou 1;C mais quente, sendo que, em algumas localidades, esse aumento foi de 3;C. Modelos preveem que, em 2100, a temperatura da Terra esteja entre 2; e 4;C acima dos níveis pré-industriais.

O oceanógrafo Scott F. Heron, da NOOA, explica que corais têm uma relação simbiótica com algas microscópicas chamadas Zooxanthellae. São elas que conferem as cores a esses animais cnidários. As algas também são a fonte principal de alimento dos corais. ;Quando a água está muito quente, o coral expele a alga. Com isso, ele fica completamente branco, um processo que chamamos de branqueamento de corais. O coral desbotado não está morto, mas pode morrer porque, nesse estágio, ele se encontra sob forte estresse;, explica. Caso a temperatura volte ao normal, ele se recupera.

A principal autora do artigo, Tracy Ainsworth, do Coral CoE, compara o mecanismo de branqueamento a uma ;maratona;. De acordo com ela, semanas antes de perder a cor, à medida que a temperatura começa a subir, o coral vai se preparando para expulsar as algas e, com isso, torna-se mais tolerante ao estresse na hora em que, de fato, desbota. Esse período de ;pré-maratona; induz respostas ao choque térmico que o ajudam a tolerar o aumento de temperatura e foi observado em três quartos dos eventos estressantes aos quais os corais da Grande Barreira estiveram expostos nas últimas três décadas. Contudo, os cientistas observaram que, no início do ano, alguns cnidários da região não passaram pela fase de preparação. ;Sem estarem preparados para o estresse, os danos sofridos por eles serão imensos;, diz

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