Diversão e Arte

Sinopses dos filmes participantes do festival

postado em 26/11/2009 07:00
Mix Brasil - Festival de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual


Casamento à Espanhola, de Andrés Rubio (52;). Espanha, livre
Em junho de 2005, o parlamento espanhol aprovou a Lei do Casamento Homossexual, dando a casais de mesmo sexo os mesmos direitos dos casais heterossexuais. Em cidades como a de Valladolid, uma das maiores da Espanha, os prefeitos entraram em campanha contra a aplicação da lei. Em contrapartida, o prefeito Francisco Maroto, de Campillo de Ranas, uma minúscula vila de pouco mais de cem habitantes perdida nas profundezas das montanhas do Guadalajara, deu um passo à frente e declarou: "Eu caso". Com isto, Campillo se tornou a capital espanhola do casamento gay e foi para lá que viajou o cineasta Andrés Rubio, curioso em descobrir o que mudou na rotina do vilarejo depois da decisão de Maroto e da visita de inúmeros casais gays.

O Eterno Noivado de Edie & Thea, de Susan Muska, Gréta Olafsdóttir (61;). EUA, livre
Depois de 42 anos de convivência, o festivo e extrovertido casal de lésbicas Edie e Thea vai finalmente se casar. Do início dos anos 1960 aos dias atuais, as incansáveis ativistas da causa homossexual perseveraram por muitas batalhas, tanto no âmbito pessoal quanto no político. Como a própria Edie declarou: "Nós apenas continuamos com esse talento que temos de lutar por prazer em meio à merda." As diretoras Susan Muska e Greta Olafsdottir, que conquistaram prêmios e atenção com o trabalho anterior, The Brandon Teena Story, retornam agora com uma história de amor íntima e carinhosa entre duas admiráveis mulheres, cujo compromisso uma com a outra serve de inspiração a todos e pode até mesmo levar o mais cínico a acreditar em amor verdadeiro. O filme conquistou o prêmio do público para documentário no Festival de Cinema Gay & Lésbico de Oslo (Noruega).


O Pecado da Carne, de Haim Tabakman (91;). Israel. 18 anos
Em tempos em que o Brasil acompanha quase diariamente os hábitos rigorosos da comunidade judaica ortodoxa em plena novela das 19 horas, torna-se mais fácil compreender o intenso dilema moral, religioso e sexual que se configura neste ótimo drama realizado por Haim Tabakman. Num bairro ultra-ortodoxo de Jerusalém, de nome Meah Shearim, vive Aaron Fleishman (Zohar Strauss), pai de quatro filhos e administrador do negócio da família, um açougue kosher, herdado depois da morte de seu pai. O mundo observador das regras de Aaron se transforma completamente com a chegada do jovem estudante Ezri (o belo galã da TV Ran Danker). Ambos começam a passar tempo juntos, e por períodos cada vez maiores, levando Aaron a ser imediatamente discriminado em sua comunidade. Confrontado pelo rabi Vaisben (Tzahi Grad), Aaron declara que se sentia morto antes de conhecer Ezri. Mas a reação forte e violenta de moradores locais força o jovem a tomar uma decisão. O roteiro de Merav Doster explora com sinceridade os impasses de comportamento dos personagens e trata com elegância e intensa sensualidade o momento em que a paixão entre os dois finalmente se consuma. O longa conquistou o prêmio de melhor ator para Strauss no Jerusalem Film Festival deste ano.

Mapa das Minas (Programa de curtas, 71;). 14 anos
O Móbile: Admiração, de Lilian Werneck (25;), Brasil; O Amor que Nos Separa, de Beth Child (14;), Austrália; Pão com bolacha, de Catherine Crouch (5;), EUA; Alcaçuz, de Alexa Inkeles (7;), EUA; A Culpa, de Cássio Pereira dos Santos (20;), Brasil.

Sexy Boys (Programa de curtas, 89;). 18 anos
Acoplamento especial, de Clark Nikolai (3;), EUA; Não Pise a Grama, de Orlando Ávila (18;), Brasil; A Caminho da Locadora, de Ryan Haulun, EUA; O Traidor, de Tomer Velkoff (14;), Israel; Sofargonrop, de Luc Notsnad (25;), Alemanha; Teoria da escada, de Alan Oliveira (10;), Brasil; Vermelho intenso, de Eddie Tapero (19;), Israel.

Ser Gay na China, de Ruby Yang (30;), EUA. 160 anos
Delicado documentário sobre como é a vida dos homossexuais num país onde os filhos têm de honrar as tradições dos pais, casar e ter filhos.

As Regras do Vaticano, de Alessandro Avellis (52;). Itália / França. 16 anos
Este fascinante documentário escrito e dirigido por Alessandro Avellis é programa obrigatório para aqueles que alguma vez já se incomodaram com a hipocrisia dos dogmas católicos em assuntos relativos à homossexualidade. O filme ganha especial urgência nos dias que correm, em que o papa alemão Bento XVI defende o retorno a certas posturas quase medievais de comportamento e punição. Avellis constrói sua narrativa em torno do suicídio do padre Alfredo Ormando, que em janeiro de 1998 incendiou seu próprio corpo em plena praça central do Vaticano em resposta à homofobia das hierarquias católicas. O diretor ainda discute as íntimas relações de poder e dinheiro entre o Vaticano e o governo conservador de Silvio Berlusconi: quem financia a propaganda do Vaticano? Quais ainda são os privilégios do Vaticano? Qual é a formação e a ideologia do atual papa? A Itália ainda é um Estado secular? Por fim, o filme explora os espinhosos debates políticos em torno da lei de parceria civil, que mais uma vez foi derrubada no país em 2007.

Mostra Competitiva Brasil I (Programa de curtas 85;). 14 anos
Maria Kalu, de Carlos Silva (14;), Paraíba; Depois da Curva, de Helton Paulino (18;), Pernambuco; A Pensão dos Caranguejos, de Marcelo Pressotto (16;), Rio de Janeiro; Suspeito, de Eduardo Mattos (19;), São Paulo; O Menino Japonês, de Caetano Gotardo (18;), São Paulo.

Dzi Croquettes, de Tatiana Issa, Raphael Alvarez (110;). Brasil. 14 anos
O documentário resgata a trajetória do grupo homônimo, que se tornou símbolo da contracultura ao confrontar a ditadura militar brasileira com ironia e inteligência. Os espetáculos revolucionaram os palcos do Rio de Janeiro, de São Paulo e depois de Paris com homens de barba e pernas cabeludas, que cantavam e dançavam em sapatos de salto alto e roupas femininas. O filme apresenta às novas gerações um autêntico mito da cena teatral dos anos 1970 e uma pouco lembrada página de transgressão artística e sexual, que precedeu até mesmo a banda Secos & Molhados, liderada por Ney Matogrosso.


Guia de um Turista Decadente, de Todd Verow (81;). EUA 18 anos
O cineasta indie americano Todd Verow é figura recorrente na seleção do festival Mix Brasil (é só reparar em sua filmografia). Seu trabalho é sempre abusado, irrequieto, sexy e muito contemporâneo. Em sua adaptação do romance de James Derek Dwyer que dá título ao filme no original (;O Garoto com o Sol nos Olhos;) e que contou com a colaboração do próprio autor, Verow realiza um relato de viagem marcado pelo fashionismo, pelo electro-pop, por muito sexo gay e, ao final, por uma perseguição policialesca com sangue. O garoto do título é John (o carismático Tim Swain, que já trabalhou com o diretor em Entre Algo e Nada, exibido no 16; MixBrasil), que começa a trabalhar como assistente pessoal da tresloucada Solange (Mahogany Reynolds), conhecida atriz de filmes italianos de terror dos anos 1980. Solange era a musa de Kevin (Josh Ubaldi), o namorado cineasta de John que cometeu suicídio há pouco tempo. Decidido a resgatar a memória do amado, ele passa a acompanhar Solange. Com temporadas em Berlim, Milão e Paris, John encontra um amor em cada parada, seja um astro pop francês ou um agente de modelos italiano, mas a inconstância de Solange sempre atrapalha seus planos. Até que ele descobre que esta viagem tem um real e perigoso motivo.



Mostra Competitiva Brasil II (Programa de curtas 93;). 14 anos
Atlântico, de Fábio Meira (12;), Rio de Janeiro; Na Madrugada, de Eduardo Goter (21;), Rio de Janeiro; Um Pouco mais de Eternidade, de Marcel Tosta (19;), São Paulo; Preguiça, de Raphael Fonseca (8;), Rio de Janeiro; Garoto de Aluguel, de Tarcisio Lara Puiati (19;), Rio de Janeiro; Professor Godoy, de Gui Ashcar (14;), São Paulo.



Meu Amigo Cláudia, de Dácio Pinheiro (86;). Brasil. 18 anos
Os caminhos da performer multimídia Cláudia Wonder e do festival Mix Brasil já se cruzaram inúmeras vezes. Figura ímpar e notória do cenário underground de São Paulo desde idos dos anos 1980, ela é desde sempre amiga do festival e de sua equipe e introduziu todas as sessões já realizadas ao ar livre do Transbrasil, voltado ao público transexual e travesti. Agora sua carreira atinge um novo patamar com o documentário Meu Amigo Claudia, que marca a estreia em longa-metragem do jovem realizador Dácio Pinheiro e a apresenta como figura central biografada. O nome do filme é o mesmo de uma crônica do saudoso escritor Caio Fernando Abreu, na qual declarou que "a presença de Cláudia deve representar a suprema transgressão".



Elvis & Madonna, de Marcelo Laffitte (105;). Brasil. 12 anos
Com roteiro e direção do cineasta carioca Marcelo Laffitte, aqui em sua estreia no longa-metragem, esta trama muito urbana se ambienta em Copacabana, no Rio de Janeiro. É a história de amor entre Elvis, uma entregadora de pizzas, e Madona, uma travesti que sonha em realizar um show de teatro de revista. A primeira é um personagem incomum e surpreendente para a atriz Simone Spoladore, enquanto que a segunda é interpretada por Igor Cotrim. Ainda no elenco, os veteranos Maitê Proença, Buza Ferraz e José Wilker.



Por Trás das Ataduras, de Maria Beatty (92;). Alemanha /EUA. 18 anos
Este thriller erótico, dirigido pela alemã Maria Beatty, leva na produção executiva a assinatura do controverso cineasta Abel Ferrara, responsável por obras tão diferentes e polêmicas quanto Vício Frenético (1992), Olhos de Serpente (1993), com Madonna, Os Chefões (1996) e Maria (2005). Desde a morte de sua esposa, Arthur (Hans Piesbergen), um cirurgião de comportamento peculiar e severo, esconde em sua misteriosa mansão a filha adolescente, Lucille (Janna Lisa Dombrowsky). Desesperada, ela tenta cometer suicídio, mas acaba apenas com o rosto completamente queimado e enfaixado. Arthur, com a ajuda da tia Ingrid (Martine Erhel), prepara um estranho implante de pele para reconstruir a face da filha, mas com os traços que remetem a sua amada e falecida esposa. Para cuidar de Lucille, o cirurgião contrata Joan Genova (Susanne Sachsse), uma bela enfermeira de passado sombrio. As duas iniciam uma história de amor proibida. O clima da produção remete ao cruzamento de dois gêneros populares na Europa dos anos 1960/70, o thriller lésbico e o suspense gótico.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação