Muito antes de os livros da série O senhor dos anéis serem transformados em uma bem-sucedida franquia cinematográfica, a obra de J.R.R. Tolkien (1)já era cultuada por milhares de fãs. Por isso, engana-se quem acha que os três filmes dirigidos por Peter Jackson foram as primeiras adaptações dos livros do escritor para outras mídias. O diretor Ralph Bakshi, por exemplo, lançou em 1978 a versão em desenho animado de O senhor dos anéis. Um ano antes, outro título de Tolkien, O hobbit, havia sido lançado em forma de animação. Onze anos depois, O hobbit ganhou uma segunda adaptação, desta vez nas páginas de uma história em quadrinhos.
Com roteiro adaptado do original por Chuck Dixon e arte de David Wenzel, O hobbit, que agora volta às livrarias pela editora Martins Fontes, foi publicado no Brasil pela primeira vez em 2002, pela Devir. Com a repercussão de O senhor dos anéis no cinema, a HQ não demorou muito para esgotar e sair de catálogo. O interesse do público é justificado: a história de O hobbit precede a saga de Frodo e companhia e apresenta diversos personagens que também participam da trilogia, casos do mago Gandalf e do hobbit Bilbo Bolseiro.
Bilbo, aliás, é personagem crucial para os acontecimentos que depois serão narrados em O senhor dos anéis. Antes de ele ser convocado por Gandalf para ir em busca de um antigo tesouro, os diminutos hobbits eram vistos como seres pacatos demais para saírem de casa e se meterem em aventuras.
O tesouro em questão foi roubado há muito tempo pelo dragão Smaug. O grupo, formado por Gandalf, Bilbo e 13 anões, parte Terra Média adentro disposto a recuperá-lo. Ao longo do caminho, eles encontrarão desde os sábios elfos até os repugnantes orcs e trolls. Durante um combate, Bilbo se perde do grupo, encontra um misterioso anel dourado e, logo em seguida, dá de cara com outro dos mais famosos personagens de Tolkien, o degenerado Gollum.
Conhecido principalmente por ter trabalhado nos anos 1990 nas revistas do Batman (DC Comics) e do Justiceiro (Marvel), Chuck Dixon conseguiu transportar com fidelidade os elementos da obra para as páginas da HQ. A narrativa, mesmo com diversos acontecimentos e personagens, não perde o ritmo. Poucos artistas têm tanto gabarito quanto David Wenzel para ilustrar o universo de Tolkien. Ainda na década de 1970, ele trabalhou em livros dedicados a criar visualmente o que o autor narrou em seus livros.
Os mais puristas poderão reclamar que a versão da Martins Fontes, mesmo numa edição em formato maior do que a da Devir, teve algumas ilustrações editadas ; além da impressão ser mais escura. As onomatopeias foram feitas numa fonte moderna, contrastando com o clima medieval da história. Mas esses são detalhes pequenos, que não interferem nem comprometem no resultado final. O hobbit em quadrinhos é uma leitura divertida e uma convincente porta de entrada alternativa ao filme para o universo de fantasia e aventura criado por J.R.R. Tolkien.
Um dos pais da literatura de fantasia moderna, John Ronald Reuel Tolkien nasceu em 3 de janeiro de 1892 em Bloemfontein, África do Sul. Aos 3 anos, sua família se mudou para a Inglaterra. Fascinado por linguística, Tolkien foi filósofo e professor universitário de anglo-saxão. Seus trabalhos mais conhecidos são O hobbit (1937), O senhor dos anéis (1954) e O Silmarillion (1977), este, publicado após a morte do autor por seu filho. Tolkien morreu em 2 de setembro de 1973.
David Wenzel/Reprodução
O HOBBIT
Adaptado do texto de J.R.R. Tolkien por Chuck Dixon (roteiro) e David Wenzel (arte). Editora Martins Fontes, 138 páginas. R$ 69.
