Diversão e Arte

Em turnê mundial de despedida, o trio norueguês a-ha toca amanhã em Brasília e garante que o show terá clima de festa

postado em 15/03/2010 08:15
Dizer adeus não é fácil. Sabendo disso, os noruegueses do a-ha decidiram se despedir de seus fãs da melhor maneira possível. Depois de anunciar a aposentadoria em outubro, o trio formado pelo vocalista Morten Harket, o guitarrista Paul Waaktaar-Savoy e o tecladista Magne Furuholmen avisou que excursionaria pelo mundo uma última fez. Batizada de Ending on a high note - Farewell tour 2010, a turnê de despedida teve início no começo do mês na Argentina e chegou ao Brasil esta semana. Na quarta, eles passaram por São Paulo, sábado, pelo Rio de Janeiro e ontem, por Belo Horizonte. Em Brasília, eles fazem show amanhã (no Ginásio Nilson Nelson e não mais no Centro de Convenções) e em Recife, na quinta. "Para nós é uma oportunidade fantástica voltar a Brasília depois de tanto tempo. Temos boas lembranças de tocar aí", comentou Magne Furuholmen, em entrevista por telefone, diretamente de Buenos Aires. O trio esteve na capital brasileira pela primeira vez em 1991 (leia ao lado). Até o fim do ano, a banda passará pelo Chile, pelos Estados Unidos, pelo Canadá e por países europeus. O último show será na cidade natal do a-ha, Oslo, em 4 de dezembro. Magne garante que o clima das apresentações não é de melancolia: "Mais do que qualquer coisa, eu olho essa turnê como uma celebração do nosso tempo de banda juntos. Ter a chance de terminar assim, depois de quase 30 anos, é realmente uma bênção". Muitos fãs brasilienses veem o show de amanhã de maneira parecida, sem tristeza. "Estou numa grande expectativa. Ouvi muito o a-ha na adolescência, uma época em que a gente vive intensamente", comenta Claudiana Luz, 42 anos, funcionária pública. Além do marido, ela irá com as três filhas adolescentes: Raíssa e Yasmim, de 17 anos, e Lara, 14. "É o primeiro show internacional a que vou", anima-se Raíssa. "Lembro de ver os clipes pequenininha. Por influência da minha mãe, cresci ouvindo a-ha, New Order, David Bowie. Sou apaixonada por essa época". "Estou feliz de poder vê-los ao vivo pela primeira vez", alegra-se a estudante de psicologia Isabella Lessa, 27 anos. "Por outro lado, fiquei triste pelo fim do a-ha. Eles lançaram disco novo no ano passado. Nunca mais vou poder ter esse tipo de expectativa, de aguardar por um trabalho novo deles". Professor de inglês e espanhol, o panamenho Enrique Villamil, 36 anos, conheceu o a-ha em 1985 pela MTV (transmitida pela tevê a cabo em seu país). "O pessoal na escola interpretava o clipe de Take on me. Fazíamos de conta que éramos o Morten no vídeo, com aquele ar de rebeldia, ao estilo James Dean, se jogando de uma parede pra outra nos corredores do colégio. Era muito legal! Quase todo mundo da minha idade curtiu isso. A expectativa é enorme. Minha mulher vai comigo e está empolgadíssima." Com um sucesso que alcança diferentes gerações, o a-ha sempre teve um público carinhoso no Brasil. Magne Furuholmen lembra-se da primeira vez que veio ao país: "Isso foi há muito tempo, em 1989, numa época em éramos muito bem-sucedidos ao redor do mundo. Já tínhamos viajado por boa parte do globo, mas nunca pela América do Sul, então, foi uma experiência completamente nova. Acho que ficamos muito chocados na primeira turnê brasileira por sermos tão populares aí. Era um pouco estranho: 'por que o a-ha é tão popular aqui?', perguntávamos. Desde a visita de 1989, o trio norueguês voltou ao país mais três vezes: em 1991, 2002 e 2009. Sobre o show de amanhã, o tecladista adianta que o repertório será uma retrospectiva dos principais momentos do grupo. Hits como Take on me, Hunting high and low, Cry wolf, You are the one, Stay on these roads, Crying in the rain e algumas faixas do disco mais recente, Foot on the mountain, estarão no roteiro. "É a nossa última oportunidade de deixar uma boa impressão para o povo de Brasília. Meu desejo é nos juntarmos mais uma vez para uma grande festa", convida o músico. Memória Calça de couro em 1991 Ao chegar hoje pela manhã a Brasília, Morten Harket e seus companheiros de banda certamente vão lembrar-se do Walk under sun dance under moon, show que fizeram há quase 20 anos - mais especificamente no dia 1º de maio de 1991 -, no Estádio Mané Garrincha, vizinho ao Ginásio Nilson Nelson, onde o A-ha se apresenta às 22h. Muita gente deve estar presente na plateia, mas não o sufuciente para superar o público de 20 mil pessoas que curtiu o som do grupo. Naquela época, o A-ha fazia enorme sucesso e suas músicas eram ouvidas frequentemente no rádio e nos clipes exibidos pela MTV, que começava a operar no Brasil. Tudo isso contribuiu para a acolhida calorosa que os músicos tiveram desde o Aeroporto Juscelino Kubitschek, onde uma centena de barulhentos fãs os aguardavam; e até a porta do recém-inaugurado Naoum Plaza, hotel em que se hospedaram. Meninas, principalmente, ficavam histéricas ao verem de perto Morten, Paul Waaktar e Magne Furoholmen, mesmo sob forte esquema de segurança. O vocalista, com longos cabelos presos por um lenço, vestindo calça de couro marrom, camiseta lilás e surrada jaqueta jeans, foi o alvo da tietagem. Feliz com a recepção, sorriu e acenou para os admiradores. Já no interior do hotel, fui o único repórter a entrevistar Morten. Simpático e atencioso, respondeu às 10 perguntas feitas, detendo-se na que se referia à viagem de 10 dias pela Amazônia, dois anos antes. "É uma coisa louca, selvagem, grandiosa. Me faltam palavras para descrevê-la. Me fez muito bem conhecer e conviver com pessoas que habitam ali." (Irlam Rocha Lima) Três perguntas - Magne Furuholmen Quando vocês decidiram encerrar a carreira da banda? Quando terminamos o último disco (Foot on the mountain), ficou claro que este era o fim de um longo relacionamento. E, com o disco conseguindo respostas tão boas das pessoas, é uma maneira de terminar em alta. Você vê muitas bandas ficando velhas, frustradas, piores. Como foi a relação de vocês ao longo desses anos todos? Como em qualquer relação duradoura, com altos e baixos. É como um casamento. O videoclipe de Take on me é um clássico dos anos 1980. Imaginaram que pudesse se tornar tão marcante? Acho que esse vídeo tinha todos os elementos para dar certo. Era uma época na qual a MTV estava nascendo e essa mídia (videoclipe) estava finalmente encontrando o seu formato, como poderosa combinação de vídeo e música. Sabíamos que ele seria um bom trabalho, mas não que seria tão bem-sucedido. A-HA Amanhã, às 22h, no Ginásio Nilson Nelson. Ingressos: R$ 200 e R$ 100 (meia) para a pista e R$ 300 e R$ 150 (meia), pista premium. Pontos de venda: bilheteria no piso G1 do Brasília Shopping (sem taxa de conveniência), site www.ticketmaster.com.br ou pelo 4003-0848 (com taxa de conveniência). Não recomendado para menores de 16 anos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação