Diversão e Arte

Muita ação e pouco humor na novela 'Ribeirão do Tempo'

Mauro Trindade
postado em 25/05/2010 10:09
Nomes de novela costumam ir do óbvio ao obtuso. O cafona Passione, da Globo, e o pomposo Ribeirão do Tempo, trama que a Record estreou semana passada, por exemplo, pertencem à primeira categoria. Mas, no passado, houve coisas ainda mais estranhas, como Pícara sonhadora, As tontas não vão ao céu e Café com aroma de mulher, do SBT, Drácula, uma história de amor e O rouxinol da Galileia, da Tupi, além da enigmática Pedra redonda 69, da Excelsior, e da trepidante Ceará contra 007, da antiga Record.

No meio dessas, Ribeirão do Tempo até que é um título bem normalzinho. Também é o nome da cidade onde se desenrola a trama de Marcílio Moraes, que narra a história e os mistérios de seus habitantes, perplexos com o assassinato de Dirce, papel defendido por Françoise Forton, e com a possibilidade da instalação de um grande resort internacional na região, com forte impacto ecológico.

Como é rotina em novela, os primeiros capítulos servem para a apresentação dos personagens. Por conta disso, os atores e o diretor Edgard Miranda pesaram a mão na caracterização. Também faltou coloquialidade aos diálogos, o que também pode ser conquistado em poucos episódios.

Assim Taumaturgo Ferreira esforçou-se como o bêbado Querêncio, um tipo dificílimo de ser representado de forma convincente, sem cair no estereótipo. Já Bianca Rinaldi teve a sorte e o talento de viver uma personagem justamente excessiva, Arminda, lambisgoia afetada com um capacete de cabelos louros à prova de tempestades.

Jacqueline Laurence empresta sotaque e ;aplomb; para sua Madame Durrell, personagem um tanto atípica na história, vinda da Europa com passado misterioso e um sobrenome que insinua uma homenagem ao escritor Lawrence Durrell, do grande romance Quarteto de Alexandria.

O Joca, de Caio Junqueira, prima pela intensidade emocional. Tem grande força, apesar de pouco humor. É um papel que tende a crescer e a se definir ao longo da história. Seu romance com Arminda tem a qualidade de ser pouco usual.

Ribeirão do Tempo ainda não é engraçada. Mas é veloz, com muitos acontecimentos e uma fotografia brilhante de doer os olhos. Cenografia e figurino parecem às vezes confundir cidade pequena com novela de época, mas nada que ofusque o esplendor visual da novela, que vai usar e abusar das cenas de rafting em suas corredeiras ; na verdade, do Rio Macaé, em Casemiro de Abreu (RJ).

Com um elenco pontilhado de talentos conhecidos, como o versátil José Dumont, e de jovens promessas ; caso da ;chambourcy; Liliana Castro ;, Ribeirão do Tempo promete correr mais fundo e depressa, conforme o traçado de Marcílio Moraes e o leme de Edgard Miranda. É esperar para ver. O tempo é o senhor da razão.

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