Diversão e Arte

A banda Minus the Bear chega ao quarto disco com seu rock experimental de fácil digestão

Mas ainda desconhecido no Brasil

postado em 11/06/2010 08:35
Algumas bandas caem rapidamente na boca (e nos tocadores de MP3) dos fãs com muita facilidade. Muitas, claro, não merecem a aclamação exagerada. Nesse meio onde tudo parece tão passageiro, artistas que fazem um trabalho fora de modismos indies ficam no anonimato ou simplesmente acabam restritos a um número limitado de apreciadores - pelo menos longe da sua pátria. Os norte-americanos do Minus the Bear ilustram bem isso. Donos de um som que passeia por progressivo, pop, rock alternativo e certo virtuosismo, os músicos chegam ao quarto trabalho praticamente desconhecidos no Brasil. Omni, lançado pela gravadora independente Dangerbird, veio cercado de expectativa para quem acompanha a carreira de Jake Snider (vocal e guitarra), David Knudson (guitarra), Erin Tate (bateria), Alex Rose (teclado e voz) e Cory Murchy (baixo). Em Omni, o quinteto mantém a essência melancólica, mas exagera nos sintetizadores em algumas faixasO frisson em torno do álbum é mais do que justificado. Os três discos anteriores - Planet of ice (2007); Menos el oso (2005) e a estreia Highly refined pirates, de 2002 - mostravam uma banda com forte potencial para chegar ao mainstream com estilo. É aí que entra o dedo do produtor Joe Chiccarelli. Nome por trás do aguardado lançamento dos Strokes, acostumado a lidar com gigantes do pop mundial, como U2 e Björk, Chiccarelli deixa Omni com a sensação de que apertou o botão errado no som do Minus the Bear. É como se a banda desse um passo para trás. Como se ainda estivesse trilhando seu começo, tamanho foi o medo de ousar. Mas Omni não é um trabalho ruim. Pelo contrário. Ainda mantém a essência melancólica que acompanha a banda desde o início. O problema é que quem se acostumou a pérolas como The fix, The game needed me (de Menos el oso), Kights, When we escape e Lótus (Planet of ice) se decepcionará com o excesso de grooves em algumas faixas desse novo trabalho. Into the mirror, por exemplo, até que começa bem, mas a batida eletrônica do fim soa totalmente deslocada. Os pontos fracos, porém, são poucos e quase imperceptíveis. Em My time, o primeiro single, Jake canta: "Apague as luzes, toque-me no escuro... Sussurre em meu ouvido". A sensualidade lírica ainda pode ser conferida nas ótimas Summer angel e Fooled by the night. Formado em Seattle, em 2001, o Minus the Bear lançou de cara o single This is what i know about being gigantic, pelo selo independente Suicide Squeeze Records - responsável também pelos três CDs oficiais. Os shows da banda - cujos integrantes estão na faixa dos 30 anos de idade - são marcados pela seriedade, pela energia e pelo profissionalismo do quinteto. Um rock experimental de fácil digestão. "Nós sempre quisemos ver o quanto de estranho poderia ser uma canção pop nossa", disse o vocalista ao site norte-americano KCRW. No caso, ele refere-se às experimentações eletrônicas que, em Omni, soam meio fake. E isso atrapalha? Não, porque as batidas funkeadas estão presentes em várias canções antigas do Minus the Bear. O erro aqui está no exagero do sintetizador e no uso inadequado para certos climas. Um descuido que não cabe no currículo de um produtor como Chiccarelli. MINUS THE BEAR Saiba mais sobre a banda norte-americana em www.minusthebear.com. O quarto disco, importado, tem 10 faixas produzidas por Joe Chiccarelli. ***

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