Diversão e Arte

Questão de identidade nos reality shows

Mauro Trindade
postado em 06/07/2010 10:40
Simpático, Rodrigo Faro comanda com a devida atenção e desprendimento o reality show musical da RecordNinguém é apenas ;isso ou aquilo;. É sempre isso ;e; aquilo. A ideia de uma identidade única, de um único trabalho e de um único interesse teve de dar lugar à informalidade da economia pessoal. Ninguém precisa de carteira assinada para ser o que bem entender. E, por isso mesmo, Ídolos ; que a Record exibe às terças e quintas, às 23h15 ; é um programa muito divertido.

Um reality show costuma ser tão bom quanto é a interação entre seus integrantes. E é o embate entre personalidades marcantes e bem definidas que ganha destaque na competição. É assim com o Big Brother Brasil, da Globo, e com o Na fazenda, da Record. Mas as coisas correm de maneira bem diferente em Ídolos, que a mesma Record apresenta até setembro. Se há conflito, é entre ser ou não ser o que bem entender.

Claro que permanece uma certa ironia com candidatos que se apresentam em total indigência musical ou coreográfica. Mas isso não tem a menor importância. Diante da quase infinita variedade de artistas, noções de afinação, ritmo ou entonação não sustentam um modelo ou uma norma de como esses artistas devam realmente ser. Todas as expressões são possíveis.

Os jurados têm critérios diferentes ; inclusive entre si ;, mas isso tampouco tem importância. As avaliações de Luiz Calainho, Marco Camargo e Paula Lima podem afastar candidatos, mas não são capazes de esterelizar em um único código de conduta a variedade de sonhos que se concretizam no palco de Ídolos. Claro que, no final, os vencedores tendem a estar acertados com as variedades do ;agronejo; que sobrevive nas estufas da gravadoras. O melhor fica de fora. De qualquer forma, o que vale é o solo, o show com os 15 minutos de fama que o artista plástico Andy Warhol previu. Todo mundo pode sonhar em ser Michael Jackson ou Beyoncé, não importa se será ou não aprovado.

A versão brasileira de American idol vai muito além de uma cópia do original. O diretor Wanderley Villa Nova deu uma cara muito brasileira ao programa, com boas externas e a presença do sempre simpático Rodrigo Faro. O apresentador trata com a devida atenção e desprendimento esses kamikazes da fantasia. Ser abatido na primeira audição talvez nem seja mortal. O que importa é tentar.

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