postado em 01/11/2010 23:09
Treze de maio de 1888 é considerada uma data ícone do século 19 no Brasil. Foi nesse dia que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea e consolidou o processo de libertação dos escravos. A caneta histórica utilizada pela soberana para tal documento é apenas um dos 160 objetos que estão na exposição Joaquim Nabuco: o valor da palavra empenhada, que apresenta a trajetória política e parlamentar do deputado pernambucano.A mostra pode ser visitada até 14 de novembro no Salão Negro do Congresso Nacional e traz documentos, obras de arte, peças de mobiliário, utensílios e livros. Os itens em exibição pertencem ao acervo da família e a outras 21 instituições, como a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), o Museu Imperial e a Fundação Gilberto Freyre.
Um dos curadores da exposição, José Theodoro Mascarenhas Menck, conta que a Câmara dos Deputados instituiu 2010 como o ano Joaquim Nabuco, porque comemora-se o centenário de sua morte e, por isso, várias ações estão sendo realizadas pelo Brasil para celebrar a data. ;Procuramos realçar a figura do Nabuco como parlamentar. No Rio e em Recife, o enfoque foi outro, mas em Brasília, a gente quis dar esse destaque, já que ele teve uma atuação e uma carreira política muito intensa;, lembra Menck.
Versatilidade
O lado de diplomata, escritor, jurista, jornalista, membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, e, sobretudo, de abolicionista sempre foi conhecido do pernambucano, que nasceu no Recife em agosto de 1849. Por isso, a exposição, realizada pelo Museu da Câmara e com o apoio da Fundação Álvares Penteado (Faap), traz vários objetos e documentos alusivos à abolição, como a própria caneta usada pela princesa Isabel, a medalha do Clube do Cupim, associação abolicionista criada em Recife, e obras escritas por Nabuco sobre o tema. ;Ele sempre foi muito ligado a essa questão. Era um líder abolicionista, mas como deputado se envolveu em outros assuntos importantes como religião, militarismo.;Maçom, atuava em todas as frentes. Sempre teve uma posição destacada em várias áreas, pois era muito talentoso e tinha uma facilidade extraordinária em usar a palavra;, comenta José Theodoro Menck, que é curador da mostra, ao lado de Clara Monteiro de Castro Pinto e Gilcy Marques.
Também fazem parte do acervo da exposição objetos pessoais de Joaquim Nabuco, como fotos e a escrivaninha utilizada por ele. Há ainda peças que demonstram a popularidade experimentada por Nabuco em sua época, como a réplica de anúncios de cigarro que exibe a imagem do abolicionista, além de exemplares originais da Revista Ilustrada, que trazia caricatura de várias figuras do império.
A carreira
Escritor, jornalista, diplomata e deputado pernambucano, Joaquim Nabuco nasceu em uma família de escravocratas no Recife em 19 de agosto de 1849. Foi eleito pela província de Pernambuco em 1879 pelo Partido Liberal e ocupou as tribunas até 1888. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e ficou notório pela seus ideais abolicionistas.
DESTAQUE DA EXPOSIÇÃO
; Caneta utilizada pela princesa Isabel para assinar a Lei Áurea
; Título eleitoral original do século 19
; Réplica da coroa usada por Dom João VI
; Edição de Dom Casmurro autografada por Machado de Assis
; Escrivaninha de uso pessoal de Joaquim Nabuco
; Publicações originais da primeira Constituição do Brasil e da Constituição da Inglaterra
EXPOSIÇÃO JOAQUIM NABUCO: O VALOR DA PALAVRA EMPENHADA
Visitação até 14 de novembro, diariamente, das 9h às 17h, inclusive domingos e feriados, no Salão Negro do Congresso Nacional. Escolas interessadas em agendar visita monitorada devem ligar para (61) 3033-2929. Entrada gratuita.