Diversão e Arte

Encontro de Palhaças movimenta a cidade e discute a profissão

postado em 12/12/2010 08:00
Ao som dos tambores femininos do Batalá, o 2; Encontro de Palhaças abriu os trabalhos na Universidade de Brasília (UnB), com presença lúdica da palhaça Cenoira (Felícia Castelo Branco) no papel de maestrina. Atrapalhada com as partituras, a artista conduziu alunos e participantes para o Anfiteatro 9, onde se discutiu o papel da palhaça na sociedade contemporânea. ;A presença da mulher na palhaçaria do jeito que a gente ver agora é um fenômeno de 30 ou 40 anos apenas. Mas, antes, a mulher já tinha um papel de mestre no circo, aprendendo e ensinando todos os saberes aos meninos e às meninas. Sabia até a engenharia de montagem e os reparos da lona. Em cena, aparecia, no máximo, como as cômicas ou caricatas. Jamais como uma palhaça;, pontua a pesquisadora e historiadora Ermínia Silva, que está na cidade para acompanhar o encontro criado por Manuela Castelo Branco, a palhaça Matusquela.

O primeiro coletivo de palhaças do país, As Marias das Graças (RJ), que está prestes a completar 20 anos de trajetória e realiza o encontro Esse Monte de Palhaças, participa do encontro e das invasões de palhaças, que vão ocupar diversos espaços públicos. A atriz Geni Viegas lembra como as pessoas estranharam aquelas mulheres em cena com narizes vermelhos a tornar patéticas ações femininas como se arrumar toda pra ir à praia, tema do primeiro e antológico espetáculo, Tem areia no maior. ;A gente tinha que dizer o tempo todo que éramos mulheres;, lembra.

Organizadora do encontro, a atriz Manuela Castelo Branco quer aproveitar o momento para chamar a atenção para a atividade profissional das palhaças. ;Hoje, encontros como este de Brasília ajudam a mostrar ao país a necessidade de políticas públicas para a mulher. É preciso que se reconheça a profissão de palhaça para passarmos a ter direitos;, aponta. Não à toa, Manuela convocou autoridades, como Beth Saar, da Secretaria de Políticas Públicas para a Mulher, e deu espaço de fala no encontro. ;Estamos atentas para todas as profissões que hoje ocupam áreas marginalizadas. Podem bater na porta;, convoca.

Como espaço de provocação, o 2; Encontro de Palhaças do DF promete apontar necessidades comuns para as artistas que ocupam ruas, palcos e picadeiros a fim de criar partituras femininas e fazer a plateia, sem distinção de gênero, rir dos erros e imperfeições do ser humano. ;A palhaça é como uma sacerdotisa, que tem a missão de sensibilizar o cotidiano;, poetiza a escritora Regina Fittipaldi, que também integrou o Fórum de Palhaças do DF, ao lado da professora e artista plástica Luísa Gunther.

Programe-se
Hoje, às 16h, na Sala Martins Pena, Um amor de encanto, com Maizena Magnólia. Classificação indicativa livre. Às 18h, A saia de Pandora, com Mariana Baeta. Não recomendado para menores de 16 anos.

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