Diversão e Arte

Palcos de Brasília receberam uma onda de shows internacionais em 2010

A boa fase promete continuar no ano que vem com estrelas como o Iron Maiden

postado em 23/12/2010 07:12

O rock pesado do Iron Maiden volta a Brasília para mais um megashowUm antigo tabu sobre a cena musical de Brasília se torna cada vez mais ultrapassado: em 2010, a cidade se livrou da condição periférica no circuito de shows internacionais e impôs respeito como uma escala respeitável para grandes espetáculos. De março a novembro, a capital recebeu uma caravana com mais de 30 atrações estrangeiras. Um repertório sortido, entre o intimismo de uma Diana Krall e os efeitos especiais de Black Eyed Peas, Guns N; Roses e Green Day. Nos períodos mais concorridos, o engarrafamento de eventos (com ingressos quase sempre salgados) obrigou o público a fazer escolhas difíceis entre um ou outro ídolo.

A estabilidade da economia brasileira, que provocou o aumento da oferta do ;produto importado;, explica o trânsito de celebridades nos palcos do país. E se essa agitação nos aeroportos não surpreende o público do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Porto Alegre, Brasília passou a disputar a agenda dos ídolos, em turnês cada vez mais longas. ;O ciclo já aconteceu várias vezes, mas nós não estávamos inseridos no contexto;, explica o produtor Marcelo Piano, que anuncia para o início de 2011 os shows de Iron Maiden, Shakira e Jack Johnson. ;Tudo isso é reflexo do dólar, além da visibilidade que o Brasil atingiu no cenário internacional. É uma questão nítida de ampliação de mercado;, observa.

A alta frequência nos palcos brasilienses, no entanto, ressaltou as deficiências de uma cidade ainda despreparada para atender os requisitos para shows confortáveis, principalmente de médio e grande porte. A falta de espaços apropriados para os eventos frustrou, por exemplo, os fãs que não ouviram a voz de Axl Rose nas arquibancadas do Nilson Nelson. Apenas um entre muitos exemplos de desconforto. ;Brasília entrou definitivamente na rota internacional. O público atendeu à nossa expectativa. Mas a cidade ainda precisa de estrutura adequada para atender a esse tipo de espetáculo;, afirma o produtor Rodrigo Amaral, que organizou a vinda de Guns N; Roses, a-ha, Cranberries, Lauryn Hill e Moby, entre outros.

Outra característica do cenário local é a preferência por veteranos. Bandas como Franz Ferdinand e She Wants Revenge, que atingiram o auge do sucesso nos anos 2000, foram exceções num levante de dinossauros como B.B. King, Peter Frampton, Simply Red e Simple Minds. A tendência não deve mudar em 2011. Entre fevereiro e maio, Brasília tem uma programação intensa de forasteiros. Mas apenas dois deles ; a banda de pop punk americana Paramore, formada em 2004, e Jack Johnson (que lançou o primeiro disco em 2001) ; escapam da onda retrô que fisga o público e os produtores da cidade. Entre fevereiro e maio, a cidade receberá metaleiros (Iron Maiden e Ozzy Osbourne) e nomes que despontaram nos anos 1990 (Backstreet Boys, Shakira e Sublime).

Novidades

O descompasso entre velhos conhecidos e boas novidades ainda empalidece os palcos brasilienses. Em 2011, a cidade não verá Amy Winehouse nem Vampire Weekend, que se apresentam em janeiro no eixo Rio-São Paulo. Para os produtores, no entanto, o privilégio dos artistas mais tarimbados é uma característica do mercado nacional. ;Os grupos que estão vindo a Brasília fazem turnê no Brasil todo. São bandas de renome. Mas existe, sim, uma mescla de nomes mais antigos com atuais. E é claro que a falta de estrutura também é uma barreira para que esses shows cheguem aqui;, observa Rodrigo.

Para o jornalista Cristiano Porfírio, do site brasiliense Na Rota do Rock (), os shows internacionais vieram para ficar, mas nem tudo é otimismo. ;Todos precisam trabalhar para que dê certo: o público deve comparecer, os produtores precisam avaliar o valor do ingresso, as empresas devem patrocinar e o governo ajudar na estrutura. O público ainda não comparece como deveria e acredito que, por isso, os produtores estão apostando apenas nos artistas consagrados;, afirma Porfírio, que elege B.B. King e Green Day como os melhores do ano na cidade.

Eles bombaram em 2010

B.B. King

Falante e bem humorado, um dos últimos mestres do blues americano aliou momentos de virtuosismo e de absoluta simplicidade na companhia da inseperável Lucille. Um clássico.

Green Day

O entusiasmo do vocalista Billie Joe Armstrong seria o suficiente para garantir o título de show mais vibrante do ano. Mas o trio americano foi para a galera com um espetáculo de pirotecnia.

Franz Ferdinand

Os escoceses enfrentaramo clima abafado e calorento do Marina Hall com uma performance em 220 volts. Hits como Take me out e Do you wanna? compensaram o sufoco.

Guns N; Roses

Os excessos de Axl Rose dividiram opiniões, mas o astro megalomaníaco estremeceu o Nilson Nelson com fogos de artifício e o poderio de sucessos como November rain e Welcome to the jungle.

Diana Krall

Com sala lotada e ingressos proibitivos, a jazzista canadense encantou a plateia com clássicos de João Gilberto, Frank Sinatra e Nat King Cole. Delicada e intimista, reverenciou a bossa nova.

Black Eyed Peas

Figurino futurista, efeitos especiais, chuva de papel, coreografias sensuais; Não faltou nenhum acessório colorido ao megaconcerto pop do ano.

Moby

Diante de uma das áreas VIP mais gigantescas do ano, o DJ e compositor não desanimou: com um show dançante, incansável, ressaltou o apelo pop de um estilo de mil faces.

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