Diversão e Arte

Brasília recebe espetáculos, performances, oficinas no festival Novadança

postado em 16/02/2011 08:00
Idealizador e curador do projeto, Giovane Aguiar movimenta teatros e estações de metrôA 14; edição do Festival Internacional da Novadança, projeto que reúne na cidade profissionais da dança de diversos cantos do mundo, já está nas ruas. Desde a última segunda-feira, é possível conferir números de dança nos pequenos displays instalados em algumas estações de metrô, mas, a partir de hoje, as atrações ocupam os espaços da cidade. Até o próximo domingo, os brasilienses poderão mergulhar no universo de espetáculos, workshops, mostras de vídeo, debates e performances que refletem sobre a sexualidade e as questões de gênero.

O diretor e curador do festival, Giovane Aguiar, acredita que a dança precisa se repensar e desmistificar preconceitos. ;A sexualidade passa pelo corpo, que é a ferramenta da dança;, observa.

Hoje, a rodada de apresentações (sempre às 20h, no Teatro Garagem/913 Sul) começa com Mecânicas da Intimidade, da Companhia Caravana Bom Selvagem, comandada pelo italiano Camillo Vacalebre. Durante 40 minutos, dois bailarinos do grupo exploram a construção da identidade masculina, dançando entre barras de gelo.

Amanhã, é a vez de Perfume de açougue, que Giovane Aguiar considera um trabalho ;forte e bonito sobre o homoerotismo;. O trabalho do grupo Dança Pequena foi desenvolvido pelo coreógrafo e bailarino Édi Oliveira e já esteve em cartaz na cidade, em dezembro do ano passado. Fugindo dos exageros estéticos e valorizando o movimento simples, os performers investigam as fantasias existentes nas relações afetivas entre homens. ;Existe um grupo dentro do próprio grupo homossexual que é visto com um certo preconceito, por estar associado ao consumo de pornografia e à procura pelo sexo fácil. O espetáculo aborda espaços que ilustram os lugares onde eles circulam, lugares obscuros, que a maioria não conhece, como saunas, boates gays, inferninhos;, explica Oliveira.

Na sexta, a mineira Silvana Leal revela as contradições da busca pela beleza dos seios fartos, nariz plastificado e da magreza exagerada, no solo que chamou de Eis-tética. ;Ela é totalmente voltada para a imagem. É uma ex-bailarina, ex-esposa, ex-mulher, ex-bbb, e nesse intervalo entre as coisas, vive a fantasia da mulher Barbie;, afirma o curador.

O sábado reserva programação dupla e ousada. Às 19h, tem início o espetáculo The drag kings and subjects, com Diane Torr, americana que trabalha com dança, performance, instalações, cinema e vídeo. No espetáculo, Diane se desdobra entre os papéis de uma mulher casada e com vida sexual monótona e o de homens, com o intuito de explorar a masculinidade, destrinchando a construção mental e o comportamento social deles. Ela também fará um workshop, no domingo, para colocar as mulheres na posição por alguns momentos. Em Homem por um dia, elas aprenderão sobre a identidade masculina, serão maquiadas e vestidas como homens e circularão por espaços públicos, para experimentar o novo papel.

Movimentos sensuais
Em seguida, às 21h, abrem-se as glamourosas cortinas do Cabaré nostalgique, já com lotação esgotada. A casa, decorada nos moldes de um cabaré francês das décadas de 1930 e 1940, receberá um punhado de performances sensuais, como a belly dance (versão moderna da dança do ventre), dança tribal, pole dance, striptease e dança burlesca, comondadas pelo mestre de cerimônias, o ator Similião Aurélio. Nara Faria apresentará um número de belly dance, Taynah Reis fará uma performance sensual em sapatilhas de ponta e o stripper Guigo Alves dançará uma mescla de ritmos, que passam de batidas contemporâneas ao hip hop. Taynah voltará à cena para fazer um número musical no estilo anos 1950, com lânguidas poses em cima de um piano. Sweetie Bird, de São Paulo, apresenta um striptease burlesco, em homenagem a Carmem Miranda.

Perfume de açougue explora as relações homoafetivas: amanhã, às 20h: reflexão e dançaMas a estrela da noite será a bielo-russa Alesia Vazmitsel, bicampeã mundial de pole-dance, que fará o número batizado de martini glass (apesar do nome, ela se apresenta nas barras e não na imensa taça de martini). Alesia também comandará uma oficina para mulheres que queiram aprender os movimentos de pole dance. A noite se encerra com Léo Britto, que fará um striptease mais enérgico, como em um clube de mulheres. Giovane Aguiar avisa, no entanto, que não há nudez nas exibições.

O encerramento do festival, no domingo, ficará por conta de O samba do crioulo doido, espetáculo de São Paulo, criado por Luiz de Abreu, um investigador do ;corpo negro;. A coreografia trata da resistência do negro na história do país e a presença de seu corpo na construção da identidade brasileira. ;Este espetáculo fala de como tratamos a questão do corpo, seguindo a linha do carnaval, que vende erotismo. Há ainda um percussionista em cena;, revela Giovane Aguiar. Mais informações sobre o festival na página

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7 - apresentações no cabaré Nostalgique
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