Diversão e Arte

Novo filme da série Pânico e Beavis & Butt-Head mostram onda nostálgica

postado em 15/04/2011 08:32
Na telinha, novos episódios de Beavis & Butt-Head e Barrados no baile. Nos cinemas, Pânico 4. Nos fones de ouvido, ;boy bands; e grunge. As tentativas de evitar o flashback, por mais esforçadas, serão fúteis: os próximos meses de 2011 prometem rejuvenescer até as mais surradas camisas de flanela. Depois de muitos alarmes falsos, o revival dos anos 1990 parece finalmente pronto para se transformar no figurino preferido da cultura pop.
Cena do filme Pânico 4
Os sinais estão em toda parte, a começar pela televisão. A MTV americana dá início à temporada saudosista com uma ;versão 2.0; de Beavis & Butt-Head, prevista para estrear em junho. No livro Almanaque dos anos 90, de Sílvio Essinger (Editora Agir), o desenho assinado por Mike Judge aparece como um símbolo do humor cínico e sarcástico que marcou o período. Não é exagero ; por isso, são altas as expectativas em torno dessa nova fase da animação.

Para não decepcionar os fãs, a emissora decidiu manter os traços principais do programa: os dois amigos, ainda adolescentes, continuam a dividir um sofá surrado e a caçoar dos vídeos pop. Fãs inveterados de heavy metal, os arruaceiros agora tentam se aliar à geração que já adotou as duas animações mais queridas ; e atrevidas ; do período: Os Simpsons e South Park.

O curioso é que Beavis e Butt-Head voltam à cena exatamente no momento em que o videoclipe ganha fôlego, graças ao sucesso do YouTube e às produções caras, com um quê cinematográfico, bancadas por astros como Lady Gaga e Arcade Fire. A banda canadense contratou um dos diretores de clipes mais requisitados dos anos 1990, Spike Jonze (do filme Quero ser John Malkovich), para conduzir o curta-metragem da canção The Suburbs. Um projeto ambicioso e totalmente ;noventista;.

A dupla de personagens tampouco vai se sentir deslocada com o conteúdo dos clipes. Estilos que serviam de combustível para a MTV ; como o grunge e o pop adocicado das boy bands ; retornam à lista de apostas da indústria musical. No disco novo do Foo Fighters, Wasting light, o vocalista Dave Grohl acerta contas com sua antiga banda, o Nirvana. O produtor, Butch Vig, é o mesmo de Nevermind, um dos discos mais adorados da década de 1990, que completa 20 anos em setembro. E o som, rascante, remete ao peso do grunge.
Série Barrados no baile
Sintonizar o passado fez bem ao grupo. O álbum mais recente, lançado em 12 de abril, já é um dos mais elogiados da carreira do Foo Fighters. O ex-vocalista do Nirvana, Kurt Cobain (morto em abril de 1994), é lembrado em faixas como I should know better, que conta com a participação do baixista Krist Novoselic, também ex-Nirvana. ;Muitas das músicas criam um diálogo entre quem sou hoje e quem eu era no início dos anos 1990;, contou Grohl, 42 anos, à revista Elle.

As lembranças do grunge afetam os protagonistas dessa história e novas bandas de rock, que se inspiram numa sonoridade crua e direta para reagir à mansidão do pop. É o caso dos britânicos do Yuck, que foram comparados a Dinosaur Jr. e Pavement, ou dos nova-iorquinos do The Pains of Being Pure at Heart, que contrataram os produtores Flood e Alan Moulder (de grupos como Nine Inch Nails e Smashing Pumpkins) para imprimir no som do disco Belong, recém-lançado, um contraste entre doçura e fúria.

Susto na tela
As guitarras do grunge não provocavam mais tantos tremores quando o primeiro filme da série Pânico chegou às telas, em 1996. A aposta da produtora independente Dimenson Films (o segmento pop da Miramax Films) era combinar os sustos com risos. A criatura fez tanto barulho que transformou o estúdio numa potência. Dez anos depois de Pânico 3, a franquia volta às salas hoje com um quarto capítulo, que inclui toda a equipe principal do original.

A cada trailer divulgado pelo estúdio, o novo filme despertou ondas de comentários no Twitter e no Facebook. Até o diretor filipino Raya Martin, que exibiu em Cannes Independência, festejou o renascimento do serial killer mascarado. ;Vivemos o fim de uma era para o filme de terror. O cinema foi invadido por sequências, remakes, repetições de fórmulas. E o Pânico se destaca porque satiriza esses lugares-comuns;, comentou o diretor Wes Craven, em entrevista ao site Popwatch. O público, ao que parece, também não será poupado da sensação de déjà vu.

Pânico 4

De volta às origens: Wes Craven dirige, Kevin Williamson escreve o roteiro e o elenco principal (com atores como Neve Campbell, David Arquette e Courteney Cox) enfrenta o assassino mascarado. A combinação de sustos e risos, que dominou o gênero nos anos 1990, é a fórmula para reconquistar um público que transformou o primeiro filme num sucesso de US$ 170 milhões. Estreia hoje. E vêm aí as continuações Homens de preto 3 e Missão: impossível 4.

Boy bands
; Os Backstreet Boys se apresentaram em Brasília este ano. E o New Kids on the Block, que havia encerrado as atividades em 1994, não resistiu ao flashback e, desde 2008, tira a poeira dos hits românticos. As duas boy bands, aliás, se uniram em turnê na América do Norte. Para comemorar o encontro, gravaram uma música em conjunto: Don;t turn off the lights. Já o Boyz II Men fez uma participação no filme de Justin Bieber, Never say never.

Beavis & Butt-Head
; Um dos símbolos pop mais irreverentes dos anos 1990, a animação criada por Mike Judge volta à programação da MTV americana no verão deste ano, ainda sem data anunciada. A ideia é manter o estilo ;econômico; do original. Enquanto isso, os dois desenhos mais provocativos da década continuam fazendo dinheiro e influenciando pessoas: Os Simpsons está em alta na 22; temporada; já South Park chega à 14; edição, firme e forte.
Beavis & Butt-Head
Rock alternativo

; O grunge renasceu? É cedo para afirmar. Mas, para lavar a alma (e as camisas de flanela) dos fãs, bandas como Pearl Jam, Dinosaur Jr., Pavement, Smashing Pumpkins e Foo Fighters hoje extravasam referências ao início da década de 1990. O disco novo do Foo Fighters, Wasting light, é produzido por Butch Vig, de Nevermind (do Nirvana). Bandas novas, como a inglesa Yuck, reacendem o lo-fi (sigla em inglês para ;baixa fidelidade;), com produção caseira e muito barulho.

Videoclipes
; No início dos anos 2000, a MTV decretou a morte do videoclipe: a programação da emissora foi tomada por programas de auditório e reality shows. Hoje a reação está no ar: não só no canal de tevê, mais generoso com os clipes, mas principalmente na internet. Gravadoras investem em superproduções de Lady Gaga e do Arcade Fire (que lançou um curta-metragem da faixa The Suburbs, com direção de Spike Jonze). O YouTube virou um canal concorrido que garante sobrevida ao clipe.

Barrados no baile
; A série original, exibida entre 1990 e 2000, criou um fenômeno teen: vários produtores tentaram copiar o formato do programa, que acompanhava as intrigas, as descobertas e os amores de adolescentes bem nascidos, moradores de Beverly Hills. Depois de esgotar o estoque de temas polêmicos (como Aids, suicídio, gravidez juvenil, estupro), o seriado saiu do ar, mas voltou em 2008. Um ano depois, a ;irmã; Melrose Place também retornou à programação dos Estados Unidos, mas foi cancelada.

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