Diversão e Arte

Rogério Duarte lança hoje em Brasília A cantiga do negro amor

Irlam Rocha Lima
postado em 12/12/2011 11:35
Um dos mentores intelectuais da Tropicália, o designer, poeta, músico, compositor e professor universitário Rogério Duarte se tornou conhecido como autor do cartaz de Deus e o diabo na terra do sol, o filme clássico de Glauber Rocha, e das capas dos discos tropicalistas de Caetano Veloso e Gilberto Gil, com os quais conviveu bastante, principalmente na década de 1970.
Duarte tenta recriar na linguagem da música e da poesia o sentimento de
Nos anos 1980, esse baiano de Ubaíra emprestou seu talento ao Correio como diagramador, ilustrador e autor de textos em parceria com Glauber Rocha, amigo desde a juventude em Salvador. De volta a Brasília, Rogério lança nesta segunda (12/12), às 20h, no Carpe Diem (104 Sul), o livro Gita Govinda ; A cantiga do negro amor, tradução do poema medieval indiano ;Gita Govinda de Jayadeva;, que narra a história de amor entre Radha e Madhava.

Em A cantiga do negro amor, Rogério lança um debate sobre as questões da sexualidade e da espiritualidade, e narra de forma poética ao Ocidente como pode ser verdadeiramente mística e erótica a ascensão espiritual. ;Krishna (Govinda) protagoniza uma história de amor com a sua alma mais fiel, Radha, moça que enfeitiça Deus (cupido) com a beleza do seu amor incondicional.;

Na visão de Rogério, ;Gita Govinda; é um dos mais belos poemas de todos os tempos. ;Ele se expandiu e se notabilizou na Índia, tanto na literatura como na música, na dança e no teatro, e inspirou tematicamente os principais estilos de pintura e escultura das milenares artes indianas;, afirma. ;Portanto, é muito natural que tenha me empenhado em recriar, na minha língua, um texto que constitui a essência e a culminância da cultura devocional da Índia, que transborda as margens do pensamento religioso e se expande para as áreas da música e da pintura.;

A missão
Iniciada na primeira metade desta década, a tradução foi interrompida por dois anos para que o artista se submetesse ao tratamento de um câncer na garganta. ;Na prática, houve a interrupção, mas no nível inconsciente ela prosseguiu, pois fui aperfeiçoando-a mentalmente. Escrevê-la transformou-se numa missão. Depois da convalescença, passei a lapidar a pedra preciosa, cuidando para que se transformasse em um poema mais elaborado, mais sofisticado estilisticamente;, conta.

Para tanto, ele passou a ouvir músicas relacionadas ao tema e a ler traduções do poema nas línguas inglesa e italiana, contando com a ajuda, na pesquisa, de professores de literatura, do filho Diogo e do poeta e letrista Carlos Rennó. ;Foi nesse período, também, que escrevi a introdução, fiz a diagramação, a capa e, enfim, a edição. Quando ficou pronto, quis lançá-lo nas três capitais do Brasil;, diz.

Inicialmente, o lançamento foi feito no Rio de Janeiro ; na Livraria Travessa, em 14 de novembro, e no Govinda Centro Cultural, no dia 19. Em Salvador, ocorreu no dia 22, no auditório da Livraria Mídia Louca. Em todos os locais, paralelamente, houve palestras de Rogério. ;Gostaria de fazer palestra também em Brasília, mas como o Carpe Diem é um restaurante, não sei se poderei;, observa.

Rogério Duarte justifica a escolha da capital federal para fazer uma noite de autógrafos do livro: ;Tenho estreita e carinhosa relação com Brasília. Meus familiares moram aqui, minha neta nasceu aqui, no dia do meu aniversário. Fui diretor do Museu de Arte e professor do curso de desenho industrial, no Departamento de Artes da Universidade de Brasília. Da UnB, recebi o título de notório saber. E o Ministério da Cultura me distinguiu, no ano passado, com a Gran Cruz da Ordem do Mérito Cultural;.

GITA GOVINDA ; A CANTIGA DO NEGRO AMOR
Livro de Rogério Duarte, tradução do poema indiano Gita Govinda de Jaydeva. Editora do autor, 168 páginas. Preço: R$ 40. Lançamento nesta segunda, às 20h, no Carpe Diem (104 Sul).

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