Diversão e Arte

Filipe Catto chama a atenção pela performance arrebatadora no palco

postado em 15/12/2011 08:30
Dia desses, Filipe Catto arrancou uma risada de Jô Soares ao definir seu raro registro vocal: ;É o oposto da Ana Carolina;. Todo mundo entendeu do que se tratava o tal contratenor, o homem que canta com voz aguda. Filipe bem podia ter citado Ney Matogrosso, mas tem evitado a comparação. É o que mais falam desde que ele apareceu na trilha da novela Cordel encantado cantando Saga, música que compôs como um samba e acabou virando um tango. E embora os timbres se pareçam, e ele admire Ney, suas influências estão mais para Elis Regina, Maria Bethânia, Janis Joplin e P.J. Harvey.

Filipe Catto: além de músicas de bandas gaúchas e da clássica Garçom, oito faixas de Fôlego são assinadas por eleCantor e compositor gaúcho de 24 anos, Filipe Catto se mudou para São Paulo porque achava que lá havia espaço para trabalhos autorais de novos artistas. Chegou com um EP debaixo do braço (ou melhor, na internet), com seis canções dele gravadas em Porto Alegre em 2009. ;Descoberto; por uma gravadora multinacional, agora faz os shows de lançamento do CD de estreia, Fôlego, produzido por Dadi Carvalho e Paul Ralphes. O espetáculo já passou por Porto Alegre e pelo Rio de Janeiro e será apresentado na capital paulista amanhã, com toda a pompa, no Auditório Ibirapuera.

Chegado a um melodrama (não à toa, vem da terra de Lupicinio Rodrigues), Filipe só interpreta o que realmente o emociona. Diz que, se não for assim, não faz sentido cantar. Gosta da entrega, ;de subir ao palco e dar a cara a tapa;. Faz isso desde menino. Aos 11, 12 anos, já acompanhava o pai, Oscar, em seu conjunto de baile. Apresentava-se em formaturas, casamentos e eventos afins, para plateias de até 3 mil pessoas. A composição veio um pouco depois, por volta dos 15, 16 anos, quando já tocava violão e começou a ter vontade de dizer coisas, ter o próprio discurso.

Estúdio
Das 15 faixas de Fôlego, oito são assinadas por ele, incluindo uma feita de brincadeira em inglês (Johnny, Jack & Jameson) e dedicada a Amy Winehouse. As que não levam seu nome nos créditos vieram quase todas dos shows (pois é, o CD partiu do palco para o estúdio e foi gravado ao vivo para não perder o ;calor;). São canções do repertório dos conterrâneos Apanhador Só (Nescafé), Cachorro Grande (Dia perfeito) e Nei Lisboa (Rima rica/ frase feita), e versões bem particulares para Garçom (o clássico de Reginaldo Rossi), Ave de prata (Zé Ramalho), 2 perdidos (de Dadi e Arnaldo Antunes) e Alcoba azul (de Hernan Bravo Varela, da trilha do filme Frida).

Carismático, intenso, romântico e até um pouco excessivo (o que não é exatamente um pecado), o crooner ; que antes de apostar no trabalho autoral teve banda de rock cover, percorreu o circuito de bares de Porto Alegre e passou oito meses em Nova York ; passeia com naturalidade por vários gêneros, do tango ao rock e ao samba-canção. Não à toa, ele dedica seu CD de estreia a ;Santa Terezinha do Menino Jesus e à força imensurável da mestra guerreira; que, em apenas um encontro, lhe mostrou o significado de fôlego: Elza Soares. Tem estilo o rapaz. E uma presença arrebatadora no palco.

FÔLEGO
Primeiro disco do cantor e compositor Filipe Catto, produzido por Paul Ralphes e Dadi. Lançamento Universal Music, 15 faixas. ***

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