Diversão e Arte

Ferreira Gullar celebra a vida em álbum de arte com série de colagens

Severino Francisco
postado em 13/03/2012 07:49
;Como um relógio de ouro o podre/oculto nas frutas/sobre o balcão (ainda mel /dentro da casca/na carne que se faz água) era/ainda ouro/o turvo açúcar vindo do chão.; Ferreira Gullar iluminou, em uma série de poemas, a cena das bananas amadurecendo velozmente na quitanda do seu pai, Newton Ferreira, em um bairro de São Luís, no Maranhão. Mas a grandeza do poema vem do fato de que as bananas não são apenas bananas. Elas são um relógio de açúcar, um relógio orgânico, fadado ao rápido esplender e ao apodrecimento, como se fossem uma metáfora da passagem do tempo e da fugacidade da vida. Em Bananas podres (Casa da Palavra), Gullar reúne todos os cinco poemas sobre o tema com uma série de colagens de sua autoria.

A paixão de Gullar pelas artes plásticas é longa e intensa. Alguns de seus poemas se constituem em verdadeiras pinturas com as palavras pela força plástica das imagens. Ele exercitou este apuro do olhar em acurados ensaios críticos sobre grandes artistas nacionais e internacionais. Além disso, despretensiosamente, pinta e brinca com colagens. Mas a ideia de publicar os poemas em um álbum ilustrado foi de Cláudia Ahimsa, mulher de Gullar. Ela imaginou que os poemas seriam ilustrados por pinturas do poeta e de outros artistas versando sobre as bananas podres.

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