Diversão e Arte

Entrevista com jornalista Pedro de Luna aborda rock underground de Niterói

postado em 05/05/2012 08:00

O jornalista Pedro de Luna, autor do livro Niterói underground (1990-2010)

Skate, surf e rock foram o café da manhã, almoço e jantar de Pedro de Luna na adolescência. Se no esporte ele nunca passou de um amador, na música, mesmo sem integrar alguma banda, acabou dando generosa contribuição. Primeiramente, como fanzineiro, depois organizador de shows e, finalmente, como jornalista, cartunista e ativista cultural. Tudo isso na cidade onde nasceu e mora, Niterói.

O primeiro livro de De Luna é justamente uma coleção de memórias de seu relacionamento com o mundo roqueiro do município fluminense. Niterói rock underground (1990 ; 2010), que será lançado hoje em Brasília (na Livraria Cultura do Casa Park), apresenta histórias, causos, personagens, shows, fotos, flyers, cartazes e um panorama sobre acontecimentos importantes que marcaram não só a efervescente cena da cidade, mas o rock no Brasil de maneira mais ampla. No texto de apresentação, o jornalista já explica que o tom do livro é biográfico. ;Seria impossível manter um distanciamento crítico, afinal, eu também estive inserido o tempo todo no contexto.;

Veja a entrevista com o jornalista Pedro de Luna



Quais são as suas cinco bandas favoritas de Niterói?


Bendis, Djangos, Black Alien (antes era uma banda ; o Gustavo Black Alien pegou o nome para ele), Enzzo e The Feitos. Acho que banda Lougo Mouro, que está na ativa desde 2004, 2005, é a mais pronta da cidade atualmente.

E de Brasília?

Eu gostava muito dos Bois de Gerião e de uma banda mais antiga de ska, A Vaca foi pro brejo. Gostava do Deceiver, não sei se eles ainda tocam. O DFC tem uma importância grande para Brasília. O Maskavo Roots era genial. Brasília sempre teve muita banda de hardcore, as coisas do selo Protons, como a banda Jack Fluster. Gosto de Gramofocas e Sapatos Bicolores. Gostei do show do Gilbertos Come Bacon, que vi no festival Vaca Amarela. E me amarro no Galinha Preta!

O livro vai de 1990 a 2010. O que mudou de lá para cá?

Em dois anos, realmente muda muita coisa. O público está mudando. Antigamente, um moleque passava uns cinco anos indo a shows. Hoje, em dois anos, quem ia já não vai mais. Acho que isso acontece pela velocidade com que outras novidades vão chegando. Além disso, existe uma grande concorrência com outra opções de lazer. No caso do Rio, a violência também influencia. Numa semana tensa, com tiroteio ou arrastão em Niterói ; por conta da pacificação dos morros do Rio, muitos bandidos foram para Niterói ; e isso impacta completamente quem trabalha com música. As pessoas ficam receosas de sair de casa. Outra coisa muito importante de uns dois anos para cá foi o envolvimento das bandas com política ; mesmo com coisas polêmicas, como o Fora do Eixo, o rompimento da Abrafin ; o pessoal de Niterói é muito ligado a essas coisas. A gente vai ter pessoas ligadas ao rock se candidatando este ano em Niterói e no Rio. O Marcelo Yuka vai se candidatar a prefeito. As pessoas começaram a acreditar muito nessa coisa de edital, lei de encentivo. Além disso, explodiu muito a produção audiovisual. Ficou muito mais barato compras bons celulares, filmadoras ou câmeras fotográficas que filmam. O pessoal começou a fazer muito mais vídeo do que fazia antes.

O livro tem muito material de arquivo, fanzines, flyers, cartazes, fitas demo, etc. Como você faz para guardar tudo isso?

Sempre foi um transtorno. Antes eu morava com a minha mãe, tudo isso ficava na casa dela. Hoje eu moro com a minha mulher e tudo isso ocupa um quarto da minha casa, com CDs, k7s, fanzines, flyer, pôster. A minha mulher também não gosto disso. A gente tem uma geladeira desativada cheia de fitas k7. A minha mãe era contra, agora a minha mulher é contra. Elas não vêm utilidade nenhum nisso (risos). Eu guardo porque aquilo era tão difícil conseguir na época, tinha tanto mérito em você ter aquilo, que não podia se jogado fora. Herdei alguns k7s e fanzines de outras pessoas, porque sabiam que eu não jogaria fora. Virei um museu de Niterói. O grande sonho é tirar isso da minha casa e botar em algum lugar para todo mundo ver.

Existe ; ou existia ; um preconceito entre as cenas de rock do Rio e de Niterói.

Existe essa história de que o Rio tem preconceito com Niterói. Mas historiacamente, Niterói teve momentos importantíssimos. O pessoal conta que o Mutante tocou no teatro do DCE de Niterói. Nos anos 1960 e 1970, teve um circuito de clubes muito importante. A Bolha tocou lá. Nos anos 1980, teve um boom por causa da Fluminense FM. Até hoje, quando as pessoas falam de Niterói, dizem que conhecem o museu do Niemeyer e a Fluminesne FM. Foi ela que fez a cidade ser conhecida como cidade de rock. Nos anos 1990, acho que o preconceito vinha de um desconhecimento. Isso começou a mudar muito com o intercâmbio de shows e troca de fanzines. O cara via que tinha lugares legais, que tinha gatinhas nos shows. Foi quebrando esse preconceito. São só 13km entre Rio e Niterói. O Rio tem vários Rios. Tinha a cena da Tijuca, da Zona Sul, da Barra;

O livro pode virar documentário. Como está essa história?

Vamos tentar fazer no custo de R$ 5 mil. Teria uma hora de duração, no máximo. É super despretensioso. Não vamos tentar falar de 20 anos em uma hora. A minha ideia inicial é pegar um recorte de um período que eu considero muito rico, de 1996 a 1999 ; que ia ser o nome do documentário, 96 a 9. Foi um período de explosão de venda de disco independente, porque fazer CD ficou mais barato. Planet Hemp, disco de ouro, Raimundos, disco de platina. Depois é que veio DJ, mp3;

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