Para ser um bacharel em artes cênicas da Universidade de Brasília (UnB), os alunos apresentam a tradicional monografia e ainda são incumbidos de uma missão extra: atuar, montar e conceber uma peça teatral no fim do percurso. A passagem de estudante a criador é o momento pelo qual todos aguardam, desde a primeira disciplina até a indisciplina de um novo mundo que se aproxima. De quarta a sexta-feira (29/6), sempre às 21h, no Teatro Plínio Marcos (Funarte), o público poderá acompanhar Quem disse que não, espetáculo de diplomação com 20 atores que escolheram a negação como mote central do enredo. A entrada é franca.
As personagens do espetáculo, antes de tudo, são definidas pelo que não são. Tal consideração leva-nos ao verdadeiro tema da peça, que não é apenas a negação, mas também a guerra (muitas vezes interna) diante dos tipos mais diversos de preconceito: violências contra o corpo, a cor e o gênero. Entre as estratégias cênicas, eles carnavalizam o espaço, movem as arquibancadas e tiram o público do lugar de conforto; lançam discursos reivindicatórios e autoirônicos; colocam os padrões em xeque, assumem uma aura performática e, sobretudo, coletivizam 20 pessoas no mesmo caldeirão de sentimentos. O que poderia ser a principal dificuldade, uma turma tão grande em cena, transforma-se no grande trunfo do elenco.
