Diversão e Arte

Confira entrevista do cineasta Zózimo Bulbul, ícone da arte negra no Brasil

O ator e diretor carioca, lutava contra um câncer desde 2012 e morreu ontem, aos 75 anos, no Rio de Janeiro

postado em 25/01/2013 08:53

Zózimo Bulbul, em As filhas do vento: ícone da arte negra no Brasil
Estandarte da cultura negra e ícone do cinema brasileiro, Zózimo Bulbul morreu ontem, aos 75 anos, no Rio de Janeiro. O ator e diretor carioca batalhava contra um câncer no intestino desde junho do ano passado. Ele faleceu em sua casa, no bairro do Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, em decorrência de uma parada cardíaca. Em mais de 40 anos de carreira, Bulbul solidificou uma trajetória engajada com problemáticas raciais, denúncias sociais e obras que documentam a experiência dos negros no Brasil.

Bulbul foi o primeiro ator negro a protagonizar uma novela na tevê brasileira. Em Vidas em conflito, transmitida pela extinta TV Excelsior em 1969, fez par romântico com Leila Diniz. A partir dos anos 1960, o realizador de Abolição (1988, crônica sobre os 100 anos da assinatura da Lei Áurea), e do curta-metragem Alma no olho (1973, um registro da imigração do negro para as Américas e a escravidão) ocupou posição de destaque não apenas em produções cinematográficas. Como curador, presidiu o Centro Afro Carioca de Cinema e dirigiu as seis edições do Encontro de Cinema Negro Brasil, África & Caribe.



O carioca atuou em filmes de grandes diretores, como As filhas do vento (2004), de Joel Zito Araújo, O veneno da madrugada (2006), de Ruy Guerra, Ganga Zumba (1963), de Cacá Diegues, além da antologia 5x favela ; Agora por nós mesmos (2010), produzida por Diegues. Uma de suas últimarecentes participações foi no documentário Go Brazil go, em que foi entrevistado pelo diretor norte-americano Spike Lee, numa narrativa sobre questões raciais e o crescimento do país nos últimos anos. O filme deve ser lançado em 2014.

Em entrevista ao Correio, concedida em 2011 para reportagem sobre a Semana da Consciência Negra, Bulbul mostrou-se pessimista em relação às questões de raça no cinema. ;Não mudou nada no cinema negro. Mudou para pior. Nos anos 1960, nós éramos muito mais respeitados, tinha um monte de preto atuando. Nós precisamos nos colocar, não vou ficar esperando uma outra princesa Isabel. Eu ligo a televisão e não tem preto no jornal, na televisão, só nas manchetes. O cinema é uma arte elitista, racista no modo de produção. Sempre foi.;

Veja entrevista com Zózimo Bulbul:


[VIDEO1]
[VIDEO2]
[VIDEO3]
O ator e diretor carioca, lutava contra um câncer desde 2012 e morreu ontem, aos 75 anos, no Rio de Janeiro

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação