Diversão e Arte

Alexander Wang traz um sopro de juventude e modernidade para Balenciaga

A nomeação de Alexander Wang como diretor criativo da maison Balenciaga foi vista com um sinal de que a marca pretende ampliar e rejuvenecer sua clientela, tornando-se mais global graças a uma linha mais moderna e comercial

Agência France-Presse
postado em 28/02/2013 15:42
Paris - O americano Alexander Wang, de 29 anos, passou nesta quinta-feira (28/2) por sua prova de fogo na estreia para a histórica maison Balenciaga, com uma coleção em branco e preto inspirada no conceito arquitetônico do genial estilista espanhol, que morreu em 1972.

Vestidos de corte reto, que mostravam a cintura ou decotados nas costas, calças justas usadas com blusas brancas, elegantes casacos em tweed: as linhas apuradas de Alexander Wang tinham um sopro comtemporâneo, jovem.

O jovem estilista, que ficou conhecido graças a uma linha jovem e esportiva, propôs uma elegância que parece fácil, natural, mas é resultado de um trabalho impecável, intricado.



O estilista, nascido na Califórnia filho de pais taiwaneses e radicado em Nova York, onde lançou sua própria marca, confessou após o desfile que mergulhou nos arquivos da Balenciaga após ser nomeado no final de 2012 para substituir o francês Nicholas Ghesqui;re, a frente da maison há 15 anos.

Wang retomou os códigos com os quais Cristóbal Balenciaga entrou para a história da moda, como os cortes geométricos, a cintura maravilhosamente acentuada, o volume nas costas, os ombros arredondados, as calças de cintura alta decoradas por pequenos laços.

A nomeação de Alexander Wang como diretor criativo da maison Balenciaga -controlada pelo grupo de luxo francês PPR desde 2001- foi vista com um sinal de que a marca pretende ampliar e rejuvenecer sua clientela, tornando-se mais global graças a uma linha mais moderna e comercial.

Wang parece ter respondido a essa expectativa de que poria seu espírito de inovação a serviço da marca, fundada pelo estilista espanhol, que elevou a moda à categoria de arte e cuja influência continua refletindo em jovens estilistas. "É extraordinário, tem um conhecimento íntimo da marca, em muito pouco tempo", disse à AFP o presidente do grupo PPR, François Henri Pinault, na primeira fila do desfile.

Lembrando que o fundador da maison foi um espanhol, que se estabeleceu em Paris, a capital da moda, Wang afirmou no final de desfile que desenhou essa coleção guiado por "um espírito global". A coleção é "só um prólogo", acrescentou o novo diretor criativo da marca, que completa 100 anos em 2018.

Para Serge Carreira, especialista em moda e luxo,"esta primeira coleção de Wang abriu uma nova etapa para a Balenciaga". Wang "interpreta a herança de elegância e sofisticação de Balenciaga de uma nova maneira", acrescentou Carreira, professor na Escola de Ciências Políticas de Paris.

Somente cerca de 50 pessoas foram convidadas para o esperado primeiro desfile do precoce estilista americano, que além de seu talento para a moda tem um grande faro comercial:lançou sua primeira coleção feminina em 2007 e, cinco anos depois, sua marca é comercializada em 200 lojas de todo o mundo.

Atualmente é possível assistir os desfiles das quatro capitais de moda -Nova York, Londres, Milão e Paris- na internet, em tempo real (www.nowfashion.com), o que permite a muitos editores e compradores assistir ao desfile na rede se não conseguem um dos cobiçados convites.

Mais tarde, o indiano Manish Arora deu um toque de cor e brilho às passarelas, dominadas até agora por cores escuras..

A paleta de cores de Arora, que estreou nas passarelas londrinas, se inspirou no céu azul do deserto de Nevada, onde passou alguns dias recentemente e, como sempre, nas cores e pedras preciosas de sua Índia natal.

"Não quer esquecer que sou indiano", disse após o desfile o estilista, que esteve apenas duas temporadas a frente das coleções da maison Paco Rabanne, propriedade do grupo espanhol Puig, que se separou de Arora em maio passado, talvez pela excessiva teatralidade de suas propostas.

O famoso Festival do "Homem em Chamas" (Burning Man), no deserto de Nevada, que reúne sempre em setembro milhares de pessoas que dão livre expressão a seus impulsos e sonhos, em torno da queima de uma imensa escultura de madeira de um homem, explicam as cores psicodélicas da coleção, disse Arora, que criou sua própria marca.

"Um desfile de Arora me deixa sempre de bom humor depois de ver tantos tons sombrios", disse uma editora de moda após o desfile.

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