É preciso ler até a metade do capítulo 17 de Maria Antonieta ; Retrato de uma mulher comum para entender o fascínio de Stefan Zweig por sua biografada. A rainha odiada pela população e símbolo da ostentação e do fim da monarquia francesa ganha uma dignidade muito humana quando percebe, finalmente, estar diante da história. Com o desterro antes da guilhotina, Maria Antonieta passa da rainha boba, mimada e alienada a uma grande mulher.
Que não se espere de Zweig uma análise de historiador sobre o personagem ou um ensaio crítico sobre a Revolução Francesa. É pela monarca austríaca que o autor se apaixona. Assim como se encanta pelo navegador em Fernão de Magalhães ; O homem e sua façanha. Biógrafo com obsessões de arqueólogo, Zweig não precisa se declarar arrebatado pelos biografados para deixar claro o quão se envolveu com os personagens.