postado em 14/07/2013 08:05
Em maio deste ano, a poeta e atriz Patrícia Del Rey teve um almoço aprazível em Portugal. Na ocasião, falou sobre literatura portuguesa, José Saramago e o intercâmbio com o Brasil. A experiência da artista não foi mediada por instituições, aconteceu graças a uma mensagem deixada em um muro no Bairro Alto, uma das inúmeras mensagens espalhadas, nas ruas de Lisboa, pelo coletivo de poesia urbana Transverso.
O grupo promove poesia curta, utilizando a técnica do stencil como atitude diante de um mundo cada vez mais atomizado e mecanizado. ;As intervenções são instantes de desvio, e de pertencimento da cidade. São formas de tirar o passante da sua rotina cega. Normalmente, temos olhos viciados. Quando somos surpreendidos por algo novo no caminho, percebemos a cidade como um elemento vivo. Muitas vezes, percebemos que as pessoas agem como se a cidade não fosse delas, e sim do governo vigente. A ocupação tem um papel fundamental para que as pessoas se apropriem de um espaço que é delas por direito;, defende Patrícia, numa troca de mensagem eletrônica, mais conhecida como e-mail.
Bailarinas
O Transverso nasceu em Brasília há dois anos, mas está se transformando em um fenômeno global nos últimos meses. Em Porto Alegre, lê-se ao lado da figura de duas bailarinas: ;Na desordem do progresso a rua há de ser verso;. É como um lema descrevendo o sentido de (re) ocupação do espaço urbano em forma e conteúdo. ;Meu carimbo é poema; estampa um muro em alguma rua do Rio de Janeiro. Fora do Brasil, há mais registros da passagem dos poetas ;transversores;. Em Barcelona, ;A vida é um emaranhado de nós;. Assim como Lisboa, Florença (Itália) e Barcelona (Espanha). Mais recentemente, foram encontrados sinais do Transverso na Cidade Proibida em Pequim, na China. Xian, Suzhou e Macau também fazem parte do itinerário chinês.
