A presença de personagens homossexuais em novelas brasileiras tem aumentado nos últimos tempos. Antes, muito estereotipados e apenas em núcleos coadjuvantes, os papéis vêm ganhando destaque cada dia mais na dramaturgia. Das sete tramas atualmente no ar na televisão aberta, quatro ostentam gays: Amor à vida, Joia Rara, Pecado Mortal e Caras e bocas, esta última exibida originalmente em 2009 e, atualmente, em reprise na série Vale a pena ver de novo.
;Há pesquisas que mostram que os personagens gays ajudam a diminuir a homofobia na sociedade. Hoje, a representação está muito mais próxima da realidade. Há os conflitos familiares, a não aceitação, a paquera, a questão da adoção e até da violência física;, afirma Welton Trindade, diretor da ONG Estruturação, entidade de direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros (LGBT).
O maior exemplo dessas mudanças é a aceitação de Félix, interpretado por Mateus Solano, em Amor à vida. Ele começou como vilão, mas ganhou os telespectadores com as tiradas, que acabaram rendendo uma página em uma rede social intitulada Félix Bicha Má, em que são postadas frases proferidas por ele na trama. Com o sucesso do antagonista, que acabou deixando os protagonistas Paloma (Paolla Oliveira) e Bruno (Malvino Salvador) em segundo plano, o autor Walcyr Carrasco encontrou a oportunidade de discutir assuntos como a não aceitação do próprio personagem e da família em relação à homossexualidade, já que Félix passou anos casado com uma mulher apenas para agradar ao pai e mascarar a verdadeira orientação sexual.