Diversão e Arte

Emissoras como Record e Globo apostam em folhetins com duração menor

A decisão é feita a pedido dos autores. Duas delas estão no ar na telinhas

Adriana Izel
postado em 21/04/2014 10:45

Dona Xepa , que a Record exibiu no ano passado, teve menos capítulos que a média das demais produções da casa, durando quatro meses
O anúncio de que Meu pedacinho de chão de Benedito Ruy Barbosa, o novo folhetim das 18h da Rede Globo, duraria apenas quatro meses levantou uma questão importante sobre a forma de fazer novela no Brasil. Há alguns anos, o público, os atores e os próprios autores comentam sobre a duração estendida das tramas, que, algumas vezes, acabam se arrastando no ar e, nem sempre, conquistando um bom resultado.

Inicialmente, as emissoras utilizavam o artifício para manter uma novela que estava fazendo sucesso mais tempo em exibição. E foi o que aconteceu recentemente com Amor à vida, de Walcyr Carrasco. Atingindo um índice melhor do que antecessora Salve Jorge, a novela teve 221 capítulos e terminou em janeiro, quando a previsão de encerramento era em meados de outubro. Porém, por conta disso, a história teve que ser ampliada e alguns núcleos receberam maior atenção.

No entanto, o autor Manoel Carlos responsável pela atual trama do horário nobre já avisou que Em família terá uma duração menor. A novela deve chegar a cerca de 140 capítulos. ;Atualmente, existe a demanda de alguns autores falando em novelas mais curtas. Do ponto de vista deles, alguns têm feito esse pedido porque uma trama muito grande acaba desgastando, até fisicamente, o profissional;, explica a professora do Centro de Estudos de Telenovela da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Cristina Mungioli.

Três perguntas // Cristina Mungioli, professora do Centro de Estudos de Telenovela da ECA/USP

Na sua opinião, novelas mais curtas são mais positivas para as emissoras e os profissionais?


Na verdade, vai depender da trama e dos atos narrativos. As pessoas gostam do formato mais longo, então não dá para dizer que a novela mais curta terá mais sucesso. É muito relativo. Avenida Brasil teve 180 capítulos e foi muito bem desenvolvida. Era muito dinâmica, tinha uma rapidez de diálogo e nas sequências de gravação. Isso não foi um impedimento para que a história se desenvolvesse ou que as pessoas estivem cansadas dos personagens. Tem tantos fatores que devem ser levados em consideração. Teoricamente, a gente poderia imaginar que seria mais fácil uma trama mais condensada. Mas cientificamente é difícil dizer se é melhor ou não porque temos uma tradição de novelas no Brasil. As pessoas se acostumaram a ver novelas por vários meses.

Você acha que as novelas que duram muito tempo estão fadadas a perda de interesse do público e, consequentemente, da audiência?

Pode ser que sim. Mas não podemos esquecer que as pessoas estão vendo as novelas em outros equipamentos, além da televisão. Tem essa nova situação. Ainda é um exercício de observação. Mas os próprios autores disseram que preferem menos tempo e menos atores. Com certeza pode estar refletindo nas tramas. Você pode ver que as novelas das 23h têm um formato mais enxuto, como aconteceu com Saramandaia e O astro.

Você acha que a duração menor de certa forma muda a linguagem?


É muito relativo. Você pode pegar uma novela que se arrasta em 100 capítulos como Avenida Brasil ou Cheias de charme, que não se arrastou. Não é exatamente a duração que faz ser arrastada ou não. Tem a ver com a dinâmica dos conflitos, a construção do tema, a função dos núcleos e o encadeamento da história. Tem vários tipos de encadeamentos como em Senhora do destino que os conflitos eram resolvidos no capítulo do dia. Tem autores que trabalham com conflitos semanais.

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