Diversão e Arte

Artistas comemoram indicação do choro como patrimônio cultural e imaterial

Irlam Rocha Lima
postado em 25/04/2015 07:30
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;O choro deve ser preservado da mesma forma que a Mata Atlântica, a arquitetura de Oscar Niemeyer, as esculturas do Aleijadinho, as bachianas de Heitor Villa-Lobos. São manifestações culturais que conferem respeitabilidade ao nosso país. O brasileiro que não valoriza esse legado, está negando sua própria identidade.; A afirmação é de Guinga, um dos mais importantes compositores e violonistas da moderna MPB, autor de clásicos como Noturno Leopoldina, Cheio de dedos e Catavento e girassol , que ele classifica como choros-canção.

Guinga mostra-se exultante com o fato de o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) atribuir ao choro o título de patrimônio cultural e material do Brasil. ;Onde estiver, Pixinguinha, responsável pela consolidação e formatação desse gênero musical, deve estar comemorando com o entusiasmo a decisão dessa instituição tão importante para a cultura nacional. Ações como essa, contribuem para a reafirmação do Brasil como nação;, ressalta o músico.

Um dos nomes mais destacados da cena do choro carioca, o cavaquinista Henrique Cazes chama a atenção para dois aspectos da decisão do Iphan, ligado ao Ministério da Cultura (MinC). ;O título vai dar uma visibilidade ainda maior ao choro, no momento em que comemora 150 anos de surgimento, e reforça a condição de um dos estilos musicais que tem recebido expressiva adesão de jovens instrumentistas.;

Elevação
Com oito discos lançados, Cazes é produtor e diretor musical de três álbuns da Orquestra Pixinguinha e três da Orquestra de Cordas do Brasil; além de ser o autor do livro Choro, do quintal ao Municipal (que está na quarta edição) e rápidas biografias de Chiquinha Gonzaga, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo. Para ele, elevação do choro ao patamar de Patrimônio Cultural e Imaterial vai, também, ;proporcionar uma maior abertura para quem busca apoio para projetos artísticos nessa área.;

Fernando Brant, um dos plilares do mítico movimento Clube da Esquina, revela que ouve choro com alguma frequência. Em sua discoteca há vários discos de Pixinguinha e também de Henrique Cazes, estudioso, pesquisador e profundo conhecedor do gênero. ;O choro, com sua estrutura melódica e sofisticação, influencia por demais outros estilos musicais, principalmente os que envolvem instrumentistas;, diz com propriedade. ;Ao atribuir esse título, ao Iphan está fazendo justiça ao choro, tido como gênese da música popular brasileira;, complementa.

Violonista clássico e popular, com trabalho reconhecido internacionalmente, Turíbio Santos, ex-presidente da Academia Brasileira de Música e ex-diretor do Museu Villa-Lobos, é, igualmente, um expert em chorinho. Em tom brincalhão ele fala: ;Quando dizem que o choro está morrendo, ele vai para o fundo de quintal e volta ainda mais fortalecido;. Para ele, ;na prática;, o choro já é um patrimônio. ;O fato de ter esse reconhecimento do Iphan vai ajudar, em muito, às novas gerações, que anda escutando tanta porcaria, a se aproximar de um gênero musical sofisticadíssimo, mas ao mesmo tempo popular.;

A flautista Dolores Thomé, sócia fundadora do Clube do Choro de Brasília, e ex-professora da Escola de Música, atualmente está radicada na cidade do Porto, em Portugal, onde faz doutorado em Informação e Comunicação em Platafora Digitalo. Ela festeja o ;status; que o choro vai adquirir com título que vai receber do Iphan e conta que existe um clube do choro em Lisboa, ;que surgiu depois da criação de um congênere, em Paris. Os portugueses adoram o choro e no Porto costumo comandar rodas de choro num bar próximo à histórica Ponte Luis V;. Ela acrescenta: ;Na minha volta a Brasília, não podia ter notícia melhor do que essa, publicada pelo Correio Braziliense;.

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