Diversão e Arte

Cinco anos sem Saramago: autor é homenageado no Brasil

Documentário "Um humanista por acaso escritor" lembra figura do escritor

postado em 18/06/2015 07:30

José Saramago e a esposa Pilar: o escritor será homenageado com exibição de documentário
Há cinco anos o mundo dizia adeus a um dos escritores mais marcantes da literatura em língua portuguesa, o Nobel José Saramago. A originalidade do autor causou polêmica, seja pelo formato dos textos, pela acidez com que escrevia sobre as mazelas sociais ou pela bastante discutida ligação com comunistas. O fato é que Saramago suscitou debate e se preocupou com questões reais, embora usasse a imaginação para apresentá-las.

[SAIBAMAIS]Em Portugal, a Fundação José Saramago preparou programação extensa para homenagear o autor de Ensaio sobre a cegueira, O evangelho segundo Jesus Cristo e As intermitências da morte. A instituição abre as portas para o público assistir à estreia do documentário Um humanista por acaso escritor, de Leandro Lopes, que terá exibição simultânea na Bahia, Pernambuco e Minas Gerais.

Seguindo os vestígios do escritor, mas também do homem, o documentário revela José Saramago como escritor, marido, avô e humanista, e percorre a trilha de Saramago por meio de depoimentos e memórias de escritores, amigos e parentes, como Pilar Del Rio ; viúva e presidente da Fundação José Saramago ;, que ajudam a reconstituir a trajetória de um autor que se preocupava não apenas com a literatura, mas também com a humanidade.

Sobre publicações de textos inéditos, Pilar informa ao Correio que, depois de Alabardas alabardas espingardas espingardas, publicado em setembro do ano passado, haverá reedições. Ela contou, também, que passou a ver a morte de maneira diferente, depois que Saramago se foi. ;Talvez tenha passado a desejá-la mais. E que seja tão natural e tranquila como a que ele teve;, disse.

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>> Três perguntas para o crítico literário José Castello:


O que você considera o diferencial da obra de José Saramago?
São muitas as particularidades da obra de José Saramago. A começar pelo estilo derramado, em cascata, dissolvido em longuíssimos períodos e com uma respiração difícil, caracterizada pelo desprezo pelo ponto final. Outra peculiaridade é o modo como Saramago mistura o objetivo e o subjetivo, a história e as fantasias, o relato solar com a confissão íntima. É uma obra que se engrandece a cada página por seu poder de sedução e seu hipnotismo.

Harold Bloom disse que Saramago é um grande escritor, uma espécie de Shakespeare de Portugal ou da língua portuguesa. Concorda?
Certamente. Essas comparações são sempre perigosas. Mas não há dúvida de que Saramago está no mesmo patamar dos grandes, como Pessoa, Eça e Camões.

Alguns críticos dizem que Saramago buscou harmonia entre realidade e imaginação. Como vê essa afirmação?
De fato, o mais impressionante na obra de Saramago é essa complexa harmonia de opostos. Ela nos mostra que os homens não se livram dos desígnios da história e das manhas do destino. Mas mostra também que a história está irremediavelmente ligada às paixões e às aventuras individuais e que o destino é, no fim das contas, o modo como cada um resolve sua própria existência.

Assista ao vídeo em que Mia Couto lê "Levantado do chão" de José Saramago:

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