Diversão e Arte

Morre o historiador e escritor Joel Rufino dos Santos

Autor tinha 73 anos e publicou mais de 20 livros

Nahima Maciel
postado em 04/09/2015 15:47

Joel Rufino dos Santos foi fundamental para pensar a cultura afro-brasileira

Nome fundamental na luta contra o racismo no Brasil e importante pensador da cultura afro-brasileira, o historiador, jornalista e escritor Joel Rufino dos Santos morreu nesta sexta-feira (3/09), aos 73 anos, em decorrência de uma cirurgia cardíaca realizada em 1; de setembro. Autor de oito livros de não-ficção, cinco romances e 11 infanto-juvenis, Rufino era também o diretor-geral de Comunicação e de Difusão do Conhecimento no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que lamentou a morte em nota oficial.


Muitos dos livros escritos por Rufino tratam de história e, sobretudo, da trajetória dos negros e escravos na sociedade brasileira. Romances como Na rota dos tubarões e Crônica de indomáveis delírios, o autor fala sobre o tráfico de escravos na época do Brasil colonial, a revolução pernambucana e a revolta dos malês. Na categoria não-ficção, Rufino escreveu Carolina Maria de Jesus - Uma escritora improvável, O que é racismo? e Zumbi, além de livros sobre literatura. Muitos de seus livros infanto-juvenis eram dedicados a ajudar as crianças a compreender questões delicadas como a escravidão e o racismo. Em uma de suas obras mais recentes, A história do negro no teatro brasileiro, o autor faz uma análise da presença dos negros nos palcos do país.

Nascido na Zona Norte do Rio de Janeiro, Joel Rufino dos Santos começou a carreira dando aulas de história após se formar na antiga Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil. Nos anos 1960, foi convidado para ser assistente de Nelson Werneck Sodré no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e foi um dos autores de História Nova do Brasil, previsto para ser publicado em 10 volumes mas que chegou apenas ao quinto. A coleção foi abortada pela ditadura, em 1964, que também obrigou Rufino, militante de esquerda, a deixar o país e se exilar na Bolívia e no Chile. Ele voltou do exílio em 1966 e, entre 1972 e 1974, cumpriu pena na Justiça Militar, passou pelo DOI-CODI, em São Paulo, foi torturado e viu amigos morrerem em decorrência da tortura. Lei da Anistia permitiu a reintegração de Rufino no Ministério da Educação e ele voltou a dar aulas. Também foi coordenador do projeto A rota dos escravos, da UNESCO, e presidente da Fundação Palmares.

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