Diversão e Arte

Relembre os passos do poeta Cassiano Nunes

"Pertenço à classe dos escritores brasileiros, o que me faz estar ligado íntima e afetivamente à cultura do Brasil", afirma o poeta

postado em 05/09/2015 07:30

Cassiano Nunes era um boêmio que não bebia. Os amigos contam que o notívago poeta percorria as ruas da Asa Sul pela madrugada, quando tinha delírios líricos. Da W3 ao Beirute, o poeta caminhava em uma Brasília erma onde encontrava os guindastes, que ajudavam a erguer a cidade em formação, e tinha a sensação de estar na zona portuária de Santos, onde nasceu. ;O Cassiano era uma pessoa que não tinha uma ligação de raiz com Brasília, mas encontrou a tranquilidade, a paz de espírito e a identificação com a cidade veio junto;, diz o cineasta Vladimir Carvalho, que costumava cruzar com o poeta nesses percursos noturnos.

Professor da Universidade de Brasília, convivia com jovens, alguns promissores poetas, como Luiz Martins, que seguiu os passos do mestre, inclusive no meio acadêmico. Martins lembra com entusiasmo do período em que conviveu com Cassiano. ;Fui aluno dele de cultura brasileira. Eu tinha vocação para poesia, o que fez com que nos aproximássemos. Fui leitor da obra dele. Lembro-me de que ele escrevia, mas ficava tímido achando que não estava bom. Era muito criterioso, tinha uma poética muito própria. Dizia sempre em sala de aula: ;Nunca publique aquilo que você tenha dúvida, só publique aquilo que tiver certeza de que está bom;.;

Entre livros


Conhecido como um grande intelectual, Cassiano Nunes vivia cercado por livros na casa da 711 Sul, onde costumava mergulhar incansavelmente em algum tema que lhe despertasse curiosidade e interesse acadêmico. Quando faleceu, em 15 de outubro de 2007, deixou um rico acervo bibliográfico particular. Ainda em vida, doou parte da rara coleção composta por livros, cartas, poesias e documentos para a Biblioteca da UnB.

;Pertenço à classe dos escritores brasileiros, o que me faz estar ligado íntima e afetivamente à cultura do Brasil. Embora não tenha conhecido muitos escritores pessoalmente, respeito-os pela literatura e pelo patriotismo, pois como dizia meu amigo Mário de Andrade, ;Da terra somos o grande milagre do amor;;, declamou na ocasião da abertura de mostra feita para homenageá-lo, com a exposição das obras.

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