Diversão e Arte

Morre a atriz brasiliense Verônica Moreno, aos 52 anos

A artista figura entre os nomes mais queridos do cenário cênico do DF e será lembrada, entre outros, pela produção 'A paixão do Cristo negro', em Samambaia

postado em 26/12/2015 13:10
A artista figura entre os nomes mais queridos do cenário cênico do DF e será lembrada, entre outros, pela produção 'A paixão do Cristo negro', em Samambaia
O Natal teve um gosto amargo para as artes brasilienses. Na noite de 25 de dezembro, por volta de 22h30, a atriz Verônica Moreno faleceu em Taguatinga, aos 52 anos, depois de enfrentar e não resistir a complicações decorrentes de uma cirurgia realizada semanas antes.

Nascida no Ceará, Verônica desembarcou em Brasília ainda jovem, movida pela vocação artística. Por aqui, encarou uma carreira de mais três décadas e ficou conhecida por conta da direção do espetáculo A paixão do Cristo negro, em Samambaia, e por trabalhos como atriz, a exemplo da premiada peça Ilhar, e da divertida montagem Que raio de professora sou eu?, derradeiro projeto nos palcos.

;Por conta de A paixão do Cristo negro, ela formou uma geração de atores. Pessoas que buscaram o curso de cênicas da Dulcina e da UnB depois de participarem de oficinas conduzidas pela Verônica;, conta o produtor e ator Josuel Junior, que começou a ter aulas com a atriz aos 15 anos.

As aulas, ministradas em uma escola pública de Samambaia, acabaram se tornando uma alternativa concorrida para os jovens da região. ;Eram quatro meses intensos com ela, toda semana. Embora estivéssemos montando um espetáculo religioso, para a Páscoa, ela sempre favoreceu o cultural, a força do cênico. Prevalecia um teatro de guerrilha, de protesto. Ela aproveitava o enredo, por exemplo, para provocar metáforas sobre a violência do DF e homenagear vítimas desse cotidiano;, lembra Josuel.

Depois de 17 anos, A paixão do Cristo negro foi apresentada pela última vez no ano passado. Diante da crise no cenário político-cultural, Verônica não teve apoio financeiro para continuar e uma tradição da cidade foi perdida. O espetáculo chegou a ser visto por 50 mil pessoas, de uma única vez.

Despedida

Emocionado, o ator e diretor Kacus Martins esboçava dificuldades em entender que a amiga e colega de cena tivesse se despedido de forma tão abrupta. ;Falávamos sobre esse dia. Brincávamos dizendo que aquele que morresse primeiro teria que soltar a notícia aos quatro ventos. Fazer uma grande homenagem ao outro. Eu só não imaginava que seria tão cedo;, comenta.
Em cena, no premiado 'Ilhar';Era uma pessoa muito especial, uma irmã. Foram muitos trabalhos juntos, muitas risadas;, diz. Kacus e Verônica estavam prestes a iniciar os ensaios de um novo espetáculo, Cabaré Brasil, mas não deu tempo: ;Essa terá que ser nossa última cena. E ela sempre pediu que fosse algo festivo, de celebração à amizade, então nos resta recordar a carreira e a vida dessa grande artista;.

O pedido de Verônica será levado à risca. Uma caravana de despedida tomará conta do cemitério de Taguatinga, durante o velório, de forma a homenagear a atriz e diretora, um dos mais queridos nomes das artes cênicas do DF. Antes de ser enterrada, alunos com fantasias, amigos com estandartes e atores com rostos maquiados irão relembrar e sacralizar a força do trabalho de Verônica Moreno.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação