Diversão e Arte

Artistas se movimentam para que a música continue a ocupar espaço no DF

Inconformados com a Lei do Silêncio que fechou espaços tradicionais de Brasília, músicos da cidade trabalham para que em 2016 movimentos culturais possam ocupar espaços públicos que comportem a livre expressão artística

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 11/01/2016 09:25

Inconformados com a Lei do Silêncio que fechou espaços tradicionais de Brasília, músicos da cidade trabalham para que em 2016 movimentos culturais possam ocupar espaços públicos que comportem a livre expressão artística

Propagar a criação musical legitimamente brasiliense, ocupar espaços públicos que comportem a livre expressão artística; promover a ideia de que música é arte, não barulho, é o que músicos e artistas que vivem e fazem carreira em Brasília esperam para 2016. Após a turbulência no cenário musical em 2015, iniciada nos anos anteriores com as discussões da Lei do Silêncio, e a diminuição de locais para apresentar música ao vivo na cidade, artistas locais.

discutem as novas possibilidades para se apresentar e manter viva a música de maneira pacífica, e respeitando a lei, promovendo a boa convivência entre os brasilienses. A expectativa é encontrar um ponto de equilíbrio saudável entre moradores, músicos, artistas e estabelecimentos comerciais.
[SAIBAMAIS]
Alguns bares tradicionais no circuito musical brasiliense fecharam as portas (como o Balaio Café e o Schlob); outros, foram multados (como o Pinella e outros estabelecimentos da 408 Norte); e alguns tiveram de suspender de vez as apresentações de música ao vivo. O diretor do sindicato da área de hotéis, bares, restaurantes e similares (Sindhobar) de Brasília, Jael Antonio da Silva, informa que os donos de bares se reuniram com o governador Rodrigo Rollemberg para debater novas possibilidades e levantar questões que afligem o setor.

;Ele constituiu um grupo de trabalho que vai se reunir na primeira quinzena de janeiro para discutir essa questão. A lei terá que contemplar a música e os empresários terão que fazer algumas adaptações em seus estabelecimentos, mas isso tudo já vai melhorar quando a questão do nível de decibéis permitido for reformulada;, declara Jael. O diretor conta que a ideia é criar uma alternativa que seja viável para todos os lados, com horários estabelecidos, mas que músicos possam continuar a se apresentar. ;A cidade não pode morrer, ela é um polo cultural muito importante, com grandes nomes musicais;, afirma. Em entrevista ao Correio, logo depois de assumir o governo, Rollemberg aventou a possibilidade de criar uma linha de crédito também para os moradores de apartamentos que se sintam prejudicados com a questão do som. Mas até agora nada saiu do papel.

Rênio Quintas, maestro e produtor musical, considera essa ;patrulha sonora;, um movimento anacrônico que busca um silêncio impossível de se alcançar sem que sejam cerceados os direitos dos outros;. O artista acredita que para viver bem em uma cidade é preciso estabelecer pactos de convivência, respeitar a arte e a cultura como ferramentas de desenvolvimento humano e diferenciar o que é barulho daquilo que é música. Quintas declara ainda que a rua, por ser pública, deve ter o seu uso coletivo, de forma a atender o interesse e desejo da população. ;A característica da nossa capital é estarmos na rua, principalmente para transformá-la em uma cidade boa para se viver. Eu cheguei em 1960, na inauguração de Brasília. A gente ocupava os gramados com futebol quando criança e mais tarde quisemos ocupar com música, queríamos fazer um som ali na rua, assumir a cidade;, declara.

O secretário de Cultura do Distrito Federal, Guilherme Reis, lembra que esse é um assunto antigo, que se arrasta há alguns anos. Considera fundamental que seja implementada uma nova legislação com urgência, que contemple as normas de saúde e leve em conta a importância do silêncio na vida das pessoas, mas que, ao mesmo tempo, incentive os interesses culturais e de entretenimento da cidade.

;Há uma intolerância crescente de parte a parte. É necessária uma nova legislação, pois esta já está defasada, é preciso avançar, é preciso uma legislação mais moderna em ocupação de espaços públicos;, afirma o secretário. Guilherme Reis conta que a ideia principal é criar uma proposta de legislação que envolva músicos, sociedade civil, sociólogos, urbanistas e engenheiros acústicos. O secretário acredita que seja preciso retomar as ações em relação ao assunto o mais rápido possível e fazer avançar, encontrando bons parâmetros de convivência. ;Os trabalhos serão retomados em janeiro, por ordem do governador;, afirma.

Renato Fino é escritor, músico e poeta, dono do Senhoritas Café (408 Norte) e criador do movimento Quem desligou o som?, em prol da música ao vivo em bares, restaurantes e locais públicos do DF. Ele afirma que o maior foco do movimento tem sido justamente a votação desse novo projeto de lei, que incentive o olhar profissional em relação à música. O escritor acredita que o primeiro passo é readequar a lei à realidade cultural da cidade. ;O turismo aqui é feito em bares, cafés, restaurantes. O que faz mal para a saúde é o barulho de trânsito, caminhão de lixo, aeroporto. Defendo o direito das pessoas poderem se sentar em bar para conversarem, a cidade é feita de pessoas;, afirma.

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