Diversão e Arte

Romances adaptados dominam listam de indicados a melhor filme no Oscar

Metade dos indicados a melhor filme vieram de histórias previamente narradas em livros

Nahima Maciel
postado em 24/01/2016 07:34

Colm Tóbín, que esteve na Flip

Entre 2009 e 2015, três longas laureados com o Oscar de melhor filme nasceram de adaptações de livros. No ano passado, dos oito indicados ao prêmio, quatro eram fruto de roteiros adaptados. Este ano, a proporção é a mesma: metade dos indicados a melhor filme vieram de histórias previamente narradas em livros. Parte da crítica já decretou a existência de uma lacuna de criatividade em Hollywood: os roteiros originais seriam muito arriscados e caros, as sequências de blockbusters, um porto seguro de cifrões e número de espectadores, e a adaptação de livros e quadrinhos, um artifício mais barato.

No fim das contas, a balança dos cifrões de Hollywood acaba por ajudar os livros e Perdido em Marte, um dos concorrentes deste ano, é um caso interessante. Andy Weir, autor de The marthian, que deu origem ao filme com Matt Damon, começou a escrever a história em 2009 e a publicá-la em capítulos no próprio blog. Um dia, o autor decidiu disponibilizar o livro na Amazon em uma plataforma de autopublicação. Sem muita expectativa, colocou o menor preço possível, US$ 0,99.

A história do astronauta deixado para trás pela tripulação de uma missão a Marte logo pulou para o topo da lista dos mais lidos de ficção científica. Impresso, o romance saltou para a lista de mais vendidos do The New York Times. O que veio depois foi o sonho de todo autor desconhecido: Ridley Scott adaptou a história, que agora concorre ao Oscar de melhor filme. Weir escreve em primeira pessoa e em forma de diário. É do próprio Mark Watney a única voz do livro durante as primeiras 70 páginas, mas o monólogo não tem nada de monótono e a escrita traduz a tensão observada no filme.

Já O quarto, da irlandesa Emma Donoghue, ensaiou o sucesso algumas vezes. Em 2010, quando foi publicado, recebeu louvores da crítica e esteve na lista dos romances cotados para o Man Booker Prize, um dos prêmios de literatura mais importantes do mundo. Donoghue, autora prolífica, na época com 40 anos, já havia publicado sete romances. A primeira metade do livro se passa em um quarto de pouco mais de 1 m;, único espaço conhecido por Jack, um menino de cinco anos que a mãe mantém escondido em um armário. A personagem é vítima de um sequestro e, toda noite, precisa esconder o filho para que não caia nas garras do sequestrador. Claro, a situação é dramática, mas a força do livro vem do fato de Jack ser o narrador. A perspectiva da criança para o horror vivido pela mãe pode levar o leitor a hesitar.

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