Diversão e Arte

Músicos brasilienses lançam novos CDs

Apesar da crise, artistas da cidade produzem e espalham seus novos trabalhos

Irlam Rocha Lima
postado em 18/09/2016 07:32

Horta Project

Com a indústria fonográfica mergulhada em profunda e irreversível crise, ainda há quem insista em lançar seus trabalhos por meio de uma antiga mídia, que surgiu com grande estardalhaço, no começo da década de 1990. Mesmo ao dar sinais de viver seus estertores, o CD ainda tem encantos para muitos artistas, consagrados ; ou não ; , que o utiliza como um dos canais para chegar ao público.

Em Brasília, percebe-se que músicos, cantores, grupos e bandas de diferentes segmentos e tendências continuam apostando no compact disc para fazer o registro de suas composições e ; mesmo diante de dificuldades quase intransponíveis ; fazê-lo chegar ao consumidor. E isso, ainda, com relativa frequência.

O lançamento de discos gravados por sambistas, duplas sertanejas, bandas de rock e intérpretes da MPB tem sido recorrente aqui na cidade. Mas o que chama a atenção é a quantidade de CDs produzidos na área instrumental que buscam espaço num concorrido mercado. Entre esses, estão: De braços abertos (Pablo Fagundes), Latinamérica (Fabiano Borges), Na Barriguda (Esdras Nogueira), Outro jogo (Projeto Partido Alto) e Anatomy of sound (Horta Project). Todos são de produção independente.



De braços abertos
Em seu quarto disco, Pablo Fagundes volta a exibir a sua perfeita sintonia com a gaita, instrumento que aprendeu a tocar na adolescência. Para ele, que teve como principais referências mestres como o belga Toots Thielman e os brasileiros Maurício Einhorn, Rildo Hora e Edu da Gaita, esse trabalho reflete a contemporaneidade da música feita hoje em Brasília, ;com a fusão de gêneros, melodias elaboradas e espaço para a improvisação;. De braços abertos é o quinto disco de Pablo, no qual, em 11 faixas, faz leitura própria de ritmos brasileiros como choro, samba, maracatu e afoxé. Cinco delas, Anta, Choro de gaita , De braços abertos, Flauta pifada e Viva Dominguinhos são totalmente autorais. Já Vai que é nossa, que abre o repertório, e Baião de dois com frango, ele compôs com o cavaquinista Márcio Marinmho, do grupo Choro Livre. Beliscandi o azulejo é de Félix Júnior, e A estrela e o homem , do cavaquinista Pedro Vasconcellos. A última faixa é um medley que reúne Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu) e Flight od the Bumble Bee (Rimsky-Korsakov). Preço: R$ 20.


Na Barriguda

Esdras Nogueira
O saxofonista Esdras Nogueira (foto)se tornou conhecido nas cenas musicais brasiliense e nacional como integrante da banda de rock Móveis Coloniais de Acaju. Entre 2000 e 2002, radicado na Europa, foi músico de espetáculos circenses entre a Alemanha e Itália. No retorno ao Brasil, tocando no Móveis, participou da gravação de discos e DVDs e fez incontáveis shows no país e no exterior, inclusive em importantes festivais como Rock in Rio (Rio de Janeiro), Planeta Terra (São Paulo), Primavera Sound (Baercelona). Paralelamente, Esdras tem desenvolvido carreira solo, tendo lançado em 2014 o CD Capivara, dedicado à obra de Hermeto Pascoal.

Em Na Barriguda, o seu sax barítono é ouvido em oito faixas, nas quais promove a mistura de estilos musicais brasileiros. ;Mesmo tocando numa banda de rock, tive liberdade para nesse trabalho solo focalizar outros ritmos. O que me possibilita isso é o fato de eu já ter participado de rodas de choro, de ter proximidade com o forró nordestino, do samba de bambas, da guitarrada e também do jazz; explica Esdras. No álbum, ele assina sozinho Chá de bananeira e Tardinha; e compôs em parceria com o violonista Marcus Moraes, Quase balada, Olha o boi e a faixa que dá título ao disco. Completam a lista as releituras de O mundo é um moinho (Cartola), Lôro (Egberto Gismonti) e Capricho de Raphael (Hamilton de Holanda). Preço R$ 20.

Latinoamérica!

Apesar da crise, artistas da cidade produzem e espalham seus novos trabalhos
Profundamente identificado com a história, cultura e música latino-americanas, o violonista Fabiano Borges tem se dedicado ao estudo e pesquisa desse universo. Músico há 15 anos, lançou dois discos e o DVD Concierto latino, gravado na Argentina. Mestre em música pela Universidade de Brasília e diretor da Associação Brasiliense de Violão, ele desenvolve importante e inovador trabalho como solista de violão 7 cordas. Seu projeto atual, o álbum duplo Latinoamérica traz 1 faixas ; 13 em cada um dos discos. Enquanto no primeiro destaca-se a obra Duas peças brasileiros (o segundo movimento intitula-se Rio de Janeiro), na segundo o realce fica por conta de Suíte Sudamericana, síntese de gêneros misicais sul-americanos. ;A maior parte do repertório gravei em Brasília, e outras na Argentina. Aqui na cidade conreo com a participação dos violonistas Júlio Cruz Alexandria, Álvaro Henrique e Victor Santana; e também do violinista Ted Falcon, do gaitista Pablo Fagundes, e de Fernando Machado no clarone;, conta.

O álbum não traz apenas composições de Fabiano ; embora elas sejam maioria. O violonista gravou, por exemplo, criações dos consagrados e João Pernambuco, Egberto Gismonti; e de conhecidos compositores argentinos, como Cachilo Díaz Andrés Chazaretta. ;Quis gravar igualmente jovens compositores como o brasileiro Rogério Caetano, o colombiano Franz Castillo, o peruano Mario Orozco e o argentino Diego Martin Castro;, acrescenta. Preço: R$ 40.


Outro jogo

Apesar da crise, artistas da cidade produzem e espalham seus novos trabalhos
Inicialmente, Partido Alto era um projeto criado pelos violonistas Alessandro Corrêa e Rodrigo Valle Serra. Mas quando, em 2010, eles decidiram gravar o CD Dois banquinhos e dois violões, para celebrar o cinquentenário da bossa nova, convidaram o baixista André Arraes e o baterista Thiago Cunha para participar. Com a formação de quarteto, fizeram algumas apresentações e começaram a compor e criar novos arranjos, pensando num novo disco. ;Na gravação do Outro jogo, sentimos a necessidade de contar com músicos de sopro e aí convocamos instrumentistas de primeira linha da cena musical brasiliense, o Moisés Alves, trompetista da Orquestra Sinfônica do teatro Nacional; o saxofonista Ademir Júnior e a flautista Raquel Valle, além do percussionista Júnior Viegas, professor da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello;, destaca Alessandro Corrêa. Das 10 faixas do CD, ele é autor de seis, entre as quais Saltos, Curitiba com TamóiosGigante do Sul e Palafitas, e parceiro de Celso Araújo em Kalunga. Rodrigo Valle compôs Passeio do alto, Dois e um e O seu preço, com Renato Castelo. Preço: R$ 20.


Anatomy of Sound

O Horta Project tem como característica básica a escolha sonora, que passa do metal para e do rock progressivo para o funk e o groove. O power trio formado por Rodrigo Vegetal (guitarra), Lucas Cuesta (baixo) e Tiago Palma (bateria), com sete anos de carreira, até o lançamento do Anatomy of Sound, só havia lançado um EP com três faixas. Segundo Rodrigo Vegetal, a intenção da banda é ;ir na contramão de outros grupos do nosso segmento, cuja música sempre tem a guitarra como ponto de partida. Para nós, o som deve priorizar o arranjo geral. Das oito músicas do DVD e CD Ao Vivo, todas autorais, seis foram compostas mais recentemente; e duas têm mais tempo. Entre elas o guitarrista citou Pulse, Wazes of conflit e The sexriff baritone. As gravações ocorreram em março deste ano, no galpão Marc Systems, em Tagutinga, com a participação de Dillo, Tiago Freitas (Etno), Daviid Athias (Ape X and The Neanderthal Death Squad), Mateus Arapujo (Optical Faze), Ítalo Guardieiro (Device) e da banda Engel Espíritos, além da bailarina Nara Faria. O projeto tem o patrocínio do Fundo e Apoio à Cultura. Preço: R$ 35.

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