Diversão e Arte

Chitãozinho & Xororó e Bruno & Marrone lançam projeto juntos

O projeto busca driblar a crise e levar grande estrutura de shows pelo país

Vinicius Nader
postado em 26/11/2016 07:36

Poucas novidades e grandes sucessos embalam o projeto Clássico

São Paulo ; Há cerca de dez anos, o fantasma do mercado musical no Brasil era a pirataria. As gravadoras se conscientizaram, não eliminaram o problema de vez, mas o minimizaram com a venda de faixas e discos online, por meio de plataformas digitais e de serviços de streaming. Agora, a grande vilã é a crise econômica, que atinge em cheio os grandes espetáculos. Fica cada vez mais difícil driblar os custos e pegar a estrada sem que a estrutura seja comprometida.

A solução encontrada por artistas passa pela parceria. É assim que surge Clássico, CD e DVD gravados ao vivo pelas duplas sertanejas Chitãozinho & Xororó e Bruno & Marrone. ;Nesse momento de crise, os festivais sertanejos estão em alta. Quem não faz está por fora do mercado. É uma forma de juntar duas duplas consagradas, que já deram certo, numa estrutura inspirada na Broadway. Brigar contra isso é besteira. É o mesmo que brigar contra a internet. Não tem como ganhar;, afirma Chitãozinho.

A estrutura vista no DVD é realmente de impressionar: um palco enorme recebe cenário iluminado por LEDs de última geração e, numa espécie de fosso, estão as bandas das duas duplas. ;Seria difícil viajar assim, com uma dupla só;, atesta Bruno. O brasiliense teve um gostinho ano passado, quando, ainda sem esse cenário, os cantores passaram por aqui. A turnê de Clássico, promete Chitãozinho, deve vir em novembro do ano que vem.

Vale lembrar que essa não é a primeira vez que Chitãozinho & Xororó rodam o país com esse formato de show. Na década de 1990, eles, Leandro & Leonardo e Zezé di Camargo & Luciano participavam do projeto Amigos. ;A principal diferença é que agora são menos egos para administrar;, brinca Chitãozinho. ;Falando sério. A diferença é que Amigos era um projeto lindo, mas encomendado pela Globo. O Clássico surgiu espontaneamente. Íamos fazer dois shows no Festival de Barretos e partiu de nós, na hora de subir no palco, propor juntar as quatro vozes. Deu certo e unimos o útil ao agradável ao rodar o país e, agora, registrar isso em CD e DVD;, completa.


No repertório poucas novidades ; Evidências, Dormi na praça, Galopeira, Fio de cabelo e outros sucessos. As inéditas são apenas três: Você me trocou, Palavras são palavras e Eu vou te esquecer. A novidade se limita a alguns arranjos e a ouvir hits de uma dupla na voz da outra. ;Foi interessante essa troca porque são duplas diferentes. A gente é mais raiz, tem um sertanejo mais melódico. Eles são mais comerciais. O importante foi todo mundo se sentir bem;, diz Xororó.

Apesar disso, Xororó nega que a crise, além de econômica, seja criativa: ;Tem coisa boa sendo feita por aí. Mas, com 45 anos de carreira, não existe mais essa pressão em cima da gente para gravar algo novo. Então a gente vai se reinventando, cantando Fio de cabelo e Galopeira para uma geração que não as conhece na nossa voz. Eles precisam saber que elas foram lançadas por nós.;

Marrone ensaia uma reclamação em tom de brincadeira ; ;tem muita porcaria no mercado; ; para logo Bruno emendar: ;a gente vê uma geração nova com muita qualidade chegando aí, como Jorge & Mateus. Tem espaço para todo mundo que fizer música boa. A garotada nova vem com um gás diferente, com uma pegada mais rápida e outros temas, como aproveitamos em Eu vou te esquecer. O sertanejo está em alta novamente no país.;

* O repórter viajou a convite da Universal Music

O projeto busca driblar a crise e levar grande estrutura de shows pelo país

Clássico

Projeto ao vivo que une as duplas Chitãozinho & Xororó e Bruno & Marrone. CD com 14 faixas. Preço sugerido: R$ 24,90; DVD com 28 faixas. Preço sugerido:R$ 32,90; Pacote com DVD e CD duplo. Preço sugerido: R$ 63,90.



Três perguntas/ Chitãozinho

Vocês estão com 45 anos de carreira e já viram surgir muitas vertentes do sertanejo. Qual vocês acham que representam?

Quando a gente começou o sertanejo não era quase nada. Não era ouvido nas rádios. Eram duplas que levavam música rural para quem tinha saído do campo para a cidade. Fomos os primeiros a estourar numa FM, com Fio de cabelo. Depois vieram muitas fases do sertanejo: outras duplas mais comerciais, a temática saiu do campo... Agora estamos numa fase de cantores solo, com Gusttavo Lima, Michel Teló, Paula Fernandes, Luan Santana e algumas duplas se destacando, como Jorge & Mateus e Victor & Leo. O Brasil ainda tem coração rural porque ainda dependemos do campo para sobreviver.

O sertanejo está em alta nos shows, na venda de discos e nos reality shows musicais, como as versões nacionais para The X factor e The voice. Como o mercado vai absorver tanta gente começando?
Vejo muita gente boa cantando sertanejo nesses programas. Mas poucos deles vão se destacar. O motivo não é falta de talento. É falta de personalidade. Eles são cantores maravilhosos, mas muitos não têm estilo próprio. É preciso achar o próprio caminho para ter uma carreira fora da tevê.

A internet era, há alguns anos, a grande inimiga da indústria fonográfica. Ainda é assim?
Não. Depois do boom e do susto com a pirataria, a indústria percebeu que era preciso se reinventar. Agora é o projeto digital ; o projeto legal, não a pirataria ; que está tirando a indústria do buraco. Adoro plataformas que vendem as faixas e os discos da gente. Essa foi uma boa saída. Agora, o consumo na internet é rápido, cíclico. Nem todas as gerações gostam disso. O livro não morreu, o vinil está voltando. O CD também vai sobreviver.

O projeto busca driblar a crise e levar grande estrutura de shows pelo país

Chitãozinho & Xororó em números

37 milhões
de discos vendidos
3 Grammys
46 anos de carreira

Principais sucessos

Fio de cabelo (Marciano/Darci Rossi)
Galopeira (Meirinho/ Maurício Cardozo)
Evidências (José Augusto/ Paulo Sérgio Valle)
Sinônimos (César Augusto/Cláudio Noam/Paulo Sérgio)

Marcos Hermes/Divulgação

Bruno & Marrone em números

10 milhões
de discos vendidos
1 Grammy Latino
30 anos de carreira

Principais sucessos

Dormi na praça (Elias Muniz/Fátima Leão)
Vidro fumê (Carlos Colla / Kaliman Chiappin)
Choram as rosas (Alfredo Matheus)
Vida vazia (Bruno/Felipe)

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