Diversão e Arte

Confira os oito melhores discos nacionais de 2016

A lista tem desde Sabotage a Marília Mendonça

Alexandre de Paula, Adriana Izel, Rebeca Oliveira
postado em 22/12/2016 07:05
Duas cidades, BaianaSystem
A mistura de soundsystem com axé ; e mais uma dezena de ritmos ; faz da banda BaianaSystem um dos mais bonitos acontecimentos da música brasileira atual. Não é a toa que os baianos tem sido considerados a ;Nação Zumbi; dessa geração. Com esforço, conseguiram deixar a música da terra da Dori Caymmi moderna, mas sem perder a essência, antropofagia fundamental no país marcado por interferências da música pop norte-americana. O impacto é ressaltado em letras de forte teor social, como a que dá nome ao disco e critica a especulação imobiliária. Com produção de Daniel Ganjaman (que já trabalhou com Criolo, entre outros artistas), Duas cidades consolida a trajetória do grupo, um dos expoentes no que se conhece como ;bahia bass;. Imperdíveis na tracklist são as faixas Jah jah revolta, Bala na agulha e Playsom (que virou trilha do jogo Fifa 2016).

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Capa do disco Sabotage
Sabotage, Sabotage
Gravadas entre 2001 e 2003 (ano em que o rapper paulistano foi assassinado), as faixas do disco póstumo são a continuidade perfeita a uma carreira encerrada de forma abruta e precoce. Mais uma vez, o produtor Daniel Ganjaman aparece como um dos responsáveis por trazer à tona um dos mais contundentes discos de 2016. As músicas estavam sob os cuidados do paulista, que também escolheu os parceiros que contribuíram com participações e colaborações, a exemplo do duo Tropkillaz, em Mosquito, e BNegão e Céu, em O gatilho. Negra Li faz bonito coro em Canão foi tão bom, faixa que remete a Canão, comunidade onde Sabotage nasceu. As composições, fundamentais à retórica do movimento hip hop, parecem escrita para os tempos modernos, mesmo compostas há mais de uma década. Sabotage, novamente, transcende.

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Tropix, Céu

Um disco praticamente unânime (praticamente porque, já diria Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra), Tropix é, sem medo de esbarrar em palpites infundados, o mais importante projeto da cantora paulista. A produção de Pupillo, do Nação Zumbi, foi certeira. Meio termo entre a psicodelia de Caravana Sereia Bloom (2012) e o primeiro disco, homônimo, de 2005, o disco tem a voz sensual, rouca, segura e inconfundível com camadas e interferências de sintetizadores sem que soe artesanal demais ou contemporâneo em excesso. O equilíbrio fica evidente em Perfume do invisível e Amor pixelado. Munida de sua ;bic;, as composições assinadas pela cantora são leves e românticas. Como a própria Céu, um amor, mas longe de sofrências e clichês.

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Ivete
, Wado

Amado pela cena indie, o alagoano Wado decidiu ;ser famoso;, como brinca, e se arriscar em Ivete, disco que presta reverência a artista baiana de mesmo nome. O axé é remodelado com pegada divertida e que funciona. Sem abadá, as faixas tem o ritmo e a força percussiva do gênero baiano, mais a força das letras que confrontam o status quo, como a regravação de Terra antiga, escrita por Carlinhos Brown para a Timbalada. Ainda hoje, contemporânea. As participações de Marcelo Camelo e Zeca Baleiro dão ;corpo; ao projeto. Na regravação de Um passo a frente, Moreno Veloso, herdeiro de Caetano e compositor da música junto a Quito Ribeiro, é jogado ;no meio do show do Asa de Águia;. E dá certo!

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Remonta, Liniker e Os Caramelows
Sequência do EP Cru, de 2015, o disco de estreia de Liniker e Os Caramelows atendeu as expectativas em torno de seu lançamento. Mais que uma figura excêntrica, questionadora e que derruba padrões de gênero, Liniker comprova que tem, na bela voz, um dos aspectos mais surpreendentes do álbum, pontuado por faixas ousadas ; do soul de Tua ao groove de Prendedor de Varal. Não se prender a amarras faz com que, na vida ou na música, Liniker seja indispensável no cenário musical atual.

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Melhor do que parece, O Terno
[SAIBAMAIS]Letras irônicas e a psicodelia são marcas que o power trio trouxe de O terno (2014). No entanto, diferente do disco anterior, em Melhor do que parece as nuvens cinzas se dissipam e a penumbra dá lugar a uma roupagem mais pop para canções bem escritas e musicadas, como deve ser. Uma canção ;feliz;, Lua cheia comprova a mudança de ventos na banda do frontman Tim Bernardes, vocalista e guitarrista, acompanhado do baixo marcado de Guilherme Peixe e bateria do novato em estúdio Biel Basile. Conciso e original, o álbum renova a cena roqueira nacional, que parecia ; e apenas parecia ; esbarrar no ostracismo.

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Marília Mendonça ao vivo, Marília Mendonça
O talento de Marília Mendonça como compositora era conhecido há algum tempo. É de autoria dela canções de sucessos de nomes, como Jorge & Mateus. Mas foi apenas em 2016 que a artista se firmou como cantora ao lançar o primeiro disco de inéditas, que se tornou um dos grandes sucessos do ano. Com Marília Mendonça ao vivo, a artista conseguiu colocar diversas músicas na boca do grande público, como Infiel, Como faz com ela, Sentimento louco e Entre quatro paredes, além disso engrossou a lista de músicas com o protagonismo feminino e também de mulheres de destaque no sertanejo.

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Orgunga, Rico Dalasam
Há dois anos, no EP Modo diverso, Rico Dalasam já havia mostrado a que veio defendendo movimentos negros e gays. Do EP, apenas Riquíssima está presente no primeiro CD da carreira, Orgunga. O restante do repertório é formado por inéditas e traz o conceito que foi definido pelo rapper como o ;orgulho que vem depois da vergonha;. Entre os principais destaque do material estão faixas como Milli Milli, sobre a apropriação da cultura negra pelos brancos, a dançante Esse close eu dei e a romântica Honestamente.

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