Diversão e Arte

O reggae se mantém como um dos ritmos prediletos do país. Saiba quem inova

Mesmo com a dispersão da audiência, o gênero se abrasileirou e resiste com Natiruts, Maneva, Maskavo, Chimarruts, entre outras bandas

postado em 04/04/2017 07:13

*Raphael Macedo

A banda paulistana Maneva lança DVD para celebrar 12 de carreira

Boas vibrações, amor, paz e resiliência. Guitarra, contrabaixo e uma batida dançante. Inspirado na cultura jamaicana e tendo seu auge na década de 1970, com sucessos de Bob Marley, Jimmy Cliff e Johnny Nash, o reggae mostra que está presente e com força até hoje.

O gênero musical jamaicano flertou com músicos brasileiros por algum tempo, levando Caetano Veloso a gravar a canção Nine out of ten, em 1972, considerada um marco do reggae nacional. Depois, em 77, Gilberto Gil também se mostra interessado pelo ritmo ao gravar o disco Refavela, não mergulhando inteiramente, mas também apresentando algumas características como o baixo e a batida em algumas faixas.

Foi nos anos 1980, porém, que o reggae começou a realmente estourar no Brasil, ao consolidar diversas bandas que fazem sucesso até hoje, tais como Cidade Negra e Tribo de Jah. Já no final da década de 1990 e no início dos 2000, surgiu a maioria dos grupos que mantêm o cenário atual, como Natiruts, Maskavo, Mato Seco e Maneva.

Para Rodrigo Prata, guitarrista, compositor e um dos fundadores da banda Maskavo, a proximidade com o reggae foi natural. ;O reggae foi um estilo que nós nos aproximamos porque era relativamente fácil de se expressar; conta. Maskavo, formada em Brasília, em 1993, tem em seu repertório canções como Anjo do céu, tocada até hoje no rádio e considerada uma música icônica do reggae nacional.

No entanto, Prata acredita que nem tudo é paz e amor no reggae. Para ele, o gênero musical ainda enfrenta muitas desvantagens no Brasil, como a falta de bandas que estourem, além da segmentação do estilo. ;O reggae brasileiro tem um cenário repleto de bandas muito boas, mas acredito que o mercado precise de novidade. Nós temos grupos como o Natiruts, que é considerada a maior banda de reggae do país atualmente. No entanto, raramente vejo alguém novo no reggae que bombe; ressalta. ;Muito disso, na minha opinião, vem do mercado da música. Se alguém começa com o reggae, é difícil se manter, especialmente porque esse não é o estilo que mais vende no momento;.

Mesmo com as dificuldades, o reggae nacional ainda faz sucesso. A banda paulistana Maneva, formada em 2005, lançou recentemente seu segundo DVD, comemorando 12 anos de carreira. A visão dos integrantes da banda é otimista em relação ao reggae, tendo em vista que se uniram numa época em que o gênero estava saindo do foco do mercado musical. ;Acredito que o reggae vai voltar com força. Vários grupos musicais estão trabalhando para crescer mais o cenário;, comenta o vocalistaTales de Polli, acompanhado de Diego Andrade, percussionista.

Eles também reconhecem a falta de espaço concedido a novos artistas em casas de show e nas rádios. ;O reggae ainda é muito marginalizado. Há um estereótipo muito grande sobre quem toca e quem curte, o que atrapalha na hora de começar a carreira;, enfatiza Diego. ;O reggae tem muitas nuances e diferenças, mas muita gente fala e julga sem conhecer;.

Inspirações
É difícil falar do reggae sem falar de Bob Marley e Jimmy Cliff, ainda mais no Brasil, que foi visitado pelos dois ícones em 1980. Mais difícil ainda é não notar as influências dos dois nas formações das bandas atuais. ;Quando começamos, descobrimos alguns discos do Bob Marley e o Peter Tosh; revela Prata. ;Depois de um tempo, nós fomos descobrindo outros artistas, como o Gregory Isaacs, com um reggae mais romântico, e o Jacob Miller;.

Além dos clássicos, Prata conta também que dentro das influências mais atuais do Maskavo, estão os músicos Alborosie e Chronixx, do movimento new roots, que resgata a batida do reggae dos anos 1970, mas com letras mais faladas que cantadas, bebendo um pouco do rap.

Streaming
Hoje, não se pode falar da música sem considerar a força das plataformas de streaming, como o Spotify e o YouTube. ;O streaming é o futuro da música. Ele nos ajuda bastante a divulgar nossa música e barateia os custos;, enfatiza Tales. ;Antigamente, as pessoas baixavam música por meio do mp3, o que atrapalhava muito o faturamento dos artistas. Hoje em dia, você tem música acessível, mas paga;.

*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco

Bandas brasileiras

Natiruts
A banda, formada no ano de 1996, também em Brasília, é considerada o maior grupo de reggae brasileiro da atualidade, com 17 álbuns ao longo de sua trajetória e sucessos como Me namora, Sorri, sou rei e Quero ser feliz também, além de 1 milhão e 156 mil ouvintes mensais no Spotify.

Chimarruts
O grupo de Porto Alegre marca presença de palco com oito integrantes, 17 anos de estrada e seis álbuns gravados, além dos hits, até hoje tocados no rádio com frequência, Do lado de cá, Versos simples e Pra ela.

Ponto de Equilíbrio
Com 16 anos de carreira e cinco álbuns, o grupo carioca se mostra bem influente no reggae brasileiro, com os sucessos Hipócritas, Aonde vai chegar e Rastafará, além de contar com mais de 226 mil ouvintes mensais no Spotify.

Maneva
Com 12 anos de carreira, seis álbuns e dois DVDs, a banda paulistana aparece como a capa da playlist Nação Reggae no Spotify em Março e no começo de Abril. O grupo é autor dos sucessos Daquele jeito, Preto pobre suburbano e Meu pai é rastafar-I.

Maskavo
Pioneira no reggae brasiliense em 1993, a banda gravou 11 álbuns, tem mais de 172 mil ouvintes mensais no Spotify e sucessos marcantes, como Um anjo caiu do céu, Asas, Lua e Folhas secas.

Cidade Negra
Desde 1986 na estrada, a banda é um dos ícones não só do reggae, mas também da música brasileira. Com 13 álbuns, o grupo carioca liderado por Toni Garrido é reconhecido por sucessos como Girassol, Onde você mora, A estrada e Querem meu sangue.

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