Diversão e Arte

Peppino di Capri fala sobre a carreira e show em Brasília

O cantor se apresenta neste sábado (13/5) no Centro de Convenções Ulysses Guimarães

Alexandre de Paula
postado em 13/05/2017 07:00

O cantor Peppino di Capri apresenta sucessos como Roberta no Centro de Convenções

Aos 77 anos, Peppino di Capri não se cansou dos palcos. Uma das principais vozes italianas, ele se mantém em intensa atividade e viajando pelo mundo em turnês para cantar sucessos, como Roberta e Champagne. O timbre inconfundível, garante Peppino, nasceu com ele e nunca precisou de aprimoramentos. ;Canto assim de olhos fechados.; Fato que o público brasiliense poderá conferir de perto no Centro de Convenções Ulysses Guimarães hoje.

Em entrevista ao Correio, o italiano falou sobre as mudanças no mercado fonográfico, o seu modo de cantar e as diferenças entre a sua e a nova geração. ;Hoje, as pessoas têm uma pressa muito grande, elas não querem esperar, não querem se esforçar muito e buscam um sucesso imediato;, critica.

Pela primeira vez em Brasília, Peppino garante que o público da capital receberá um espetáculo especial e promete, sem falsa modéstia: ;Eu preparei um repertório estupendo, que deixará os fãs muito felizes. Pode ter certeza de que será um espetáculo de muito bom gosto;.

Entrevista // Peppino di Capri


O senhor tem um estilo único de cantar, tem uma marca; Qual caminho leva a isso? Foi uma preocupação encontrar essa originalidade?
Em 60 anos de carreira, posso me considerar uma pessoa privilegiada de ainda ter o mesmo timbre de voz de lá de trás. Muitos outros cantores, com o tempo e com a estrada, não conseguem mais ter esse dom que eu tenho. Eu entendo isso como uma dádiva. Jamais estudei canto e é uma coisa minha. Não foi premeditado nem nada. Nasci com esse dom. Então, esse timbre particular, que me dá essa marca, é uma coisa espontânea, nasci com isso. Canto assim de olhos fechados, sem nenhum estudo ou esforço.

Como o senhor disse, muitos artistas com mesma idade preferiram diminuir o ritmo, ou até deixar os palcos. Mas o senhor continua cantando, viajando, fazendo turnês. O que permite manter esse
ritmo intenso?

Não acho que esses artistas, meus contemporâneos, tenham parado de trabalhar, eles continuam trabalhando, talvez realmente num ritmo mais lento. Por uma decisão deles, fazem trabalhos menores, mais locais e não se deslocam para lugares tão distantes. Mas isso ocorre também por causa da crise do mercado fonográfico, em que não se vende mais disco. As pessoas fazem suas playlists, baixam, ouvem o que eles querem, misturam canções de vários cantores. Esse novo modo de ouvir música talvez dê também a impressão de que outros cantores estão fazendo menos. Eu acredito que eles só estão fazendo de outra forma.

Essas mudanças no mercado fonográfico incomodam ao senhor? Ou o senhor aprendeu a lidar com isso?
Eu não senti grandes dificuldades para me adaptar a esse novo caminho da indústria fonográfica. Eu ouço de tudo, aprecio muitas coisas. Não tenho problema nenhum em me adaptar a outros sons, a outros ritmos. Para mim, é uma mudança, claro. Mas nada que tenha me incomodado.

Como o senhor analisa a música italiana produzida hoje? Percebe alguém que siga um caminho próximo ao seu?
O problema que mais sinto é a grande quantidade desses shows de calouros, programas de tevê para revelar novos cantores. Nesses programas, uma pessoa ganha, aparece por três meses e depois some. No fim, acaba faltando a originalidade, a presença como artista. Claro que há uma geração recente de artistas consistentes, como Eros Ramazzotti, Tiziano Ferro, mas a maior parte dessa geração mais nova que vem vindo, esse pessoal de 20 anos, acaba não se atendo à música italiana;

Era diferente antes?
Sim, as pessoas antes demoravam anos para chegar ao sucesso, batalhavam muito para isso. Hoje as pessoas têm uma pressa muito grande, elas não querem esperar, não querem se esforçar muito e buscam um sucesso imediato. E isso não leva a canto nenhum.

Depois de 60 anos de carreira, o que ainda o motiva a cantar e o que ainda o inspira?
Mesmo depois dessa trajetória, eu ainda me sinto muito inspirado, com muita vontade de continuar. Eu me sinto assim, principalmente, porque faço o que gosto. E eu acredito que um homem é afortunado quando trabalha com aquilo que gosta e com o que almejou desde pequeno. Claro que depois vem o dinheiro, a consagração, mas acima disso tudo está fazer o que ama.

O senhor tem muitos fãs no Brasil, já esteve aqui algumas vezes. Como é a sua relação com o país?
A relação com os fãs do Brasil é uma experiência maravilhosa. Para mim, é muito bom saber que venho de um país tão longe e, mesmo assim, tenho tantos fãs aqui, que me amam e que estimam a minha música. Isso me enche de alegria. Toda vez que recebo um convite para ir ao Brasil, corro para ir rápido.

Aqui, além dos sucessos, o que o público pode esperar do seu show?
Eu conheço bastante o gosto do público brasileiro. Será a primeira vez que vou me apresentar em Brasília, então vou cantar as músicas conhecidas, mas também algumas novidades, algumas canções novas. Eu preparei um repertório estupendo, que vai deixar os fãs muito felizes. Pode ter certeza de que será um espetáculo de muito bom gosto.

Peppino di Capri
Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Hoje, às 21h. Ingressos de R$ 150 a R$ 2500 (vip lounge). Valores referentes a meia-entrada e sujeitos a alterações sem aviso prévio. Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos.

Ouça playlist com sucessos do cantor:

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