Diversão e Arte

Venda de livros volta a subir depois de um 2016 ruim

A indústria livreira volta a expandir em 2017, apesar do cenário de crise econômica

Lígia Vieira*
postado em 17/10/2017 06:30

Felipe Neto encabeça a lista de mais vendidos com 'A trajetória de um dos maiores youtubers do Brasil'

Depois da queda registrada nas vendas de livros no ano passado, a indústria livreira se ergue novamente. Realizada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livro (SNEL) com a empresa de pesquisas Nielsen, entre julho e agosto deste ano, análise do mercado aponta um acréscimo de 3,3% nas vendas quando comparado ao mesmo período de 2016, o que resulta em mais de 271 mil exemplares vendidos no país. Foi o sétimo período seguido em que, confrontado com o ano passado, verificou-se uma melhora.

As editoras brasileiras, contudo, perceberam os reflexos desse crescimento de formas diferenciadas: algumas positivamente, outras, nem tanto. A editora Senac São Paulo, por exemplo, computou uma reação positiva, um incremento de 20% nas vendas de livros ao longo deste ano. Os setores que mais ajudaram a editora a alcançar esse crescimento foram gastronomia e informática.

Diretora comercial da Somos Educação, braço da editora Saraiva, Daniela Lopes observa que "o aumento notado no mercado de livros, durante 2017, refletiu também nas vendas da editora". Ela explica que a Saraiva optou por descontos maiores para aumentar a quantidade de livros vendidos e isso ajudou no resultado. "O crescimento se deu principalmente no volume total, uma vez que o faturamento não ampliou-se na mesma proporção, devido aos descontos maiores". Para a Saraiva, a linha de livros jurídicos foi a maior responsável pela expansão.

Em Brasília, a HTC, editora que trabalha com livros didáticos, não percebeu da mesma forma esse momento positivo da indústria livreira. A editora atua em um nicho que sofre uma concorrência muito forte dos livros usados, "ainda mais em um período de crise econômica", comenta a diretora da HTC Suzana Maia, que afirma não ter sentido esse aumento. Ela avalia que em momentos como esse "os pais dos alunos pensam em economizar e os livros usados são mais baratos que os novos".

Leitores


Porém, existem muitas pessoas que sempre estão adquirindo livros. Para o empreendedor Eriston Cartaxo , adquirir livros é essencial. "Sempre estou comprando livros. Quando não, estou na expectativa dos lançamentos, como é o caso de Confesso que perdi", escrito pelo jornalista Juca Kfouri, que acaba de chegar às livrarias. "Nesses casos, costumo me valer da opção pré-venda. Gosto de me movimentar", acrescenta.

Da mesma forma que ele, a estudante de Letras no Centro Universitário Unieuro Bárbara Cristine Silva afirma que todo mês tenta "comprar um livro", pois acredita que o dinheiro investido "não é em vão". Formado em Biblioteconomia e servidor do GDF, Eduardo Pereira faz, pelo menos, uma compra mensal. Como os outros leitores, considera a leitura como parte importante de sua vida e destaca o prazer das descobertas que cada obra proporciona.

O amor pela leitura também é expressado por Anna Beatriz Vieira, estudante de jornalismo da Universidade de Brasília, que participa do Clube do Livro - DF e lê para "dar uma escapada do que vive no dia a dia". Ela prefere ficção e literatura fantástica "porque gosto de sentir como os autores imaginam esses mundos diferentes da nossa realidade e isso abre portas para a imaginação". Bárbara Cristine concorda com ela e afirma que as obras de que mais gosta são as ficcionais, "aquelas que são definitivamente uma fuga da rotina".

[SAIBAMAIS]Apesar de elas preferirem os livros de ficção, a categoria que mais ajudou no faturamento da indústria livreira, segundo o levantamento do SNEL e Nielsen, foi justamente a "não ficção", que inclui os científicos, técnicos e profissionais. E têm o preço mais elevado, a média é de R$ 65,24, enquanto os ficcionais custam, em média, R$ 31,87. Mas, mesmo assim, na lista dos mais vendidos aparecem os infantojuvenis, autoajuda e também ficção.

* Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco.


Mais vendidos


Felipe Neto ; A trajetória de um dos maiores Youtubers do Brasil
De Felipe Neto. 64 páginas, Editora Coquetel. Infanto-juvenil. R$ 19,90

Seu sonho tem futuro
De Candice Pascoal. 224 páginas, Editora Gente. Negócios. R$ 39,90

No colo dos anjos
De Leo Chaves. 320 páginas, Editora Gente. Ficção. R$ 39,90

Batalha espiritual
De Padre Reginaldo Manzotti. 176 páginas, Editora Petra. Autoajuda. R$ 24

Sapiens
De Yuval Noah Harari, 464 páginas, Editora L, Não ficção, R$ 47,90


Vale a pena ler


Inferno ; Dan Brown: "O autor consegue escrever de uma forma que te prende à trama, e acaba tendo uma reviravolta que ninguém espera. Dan Brown cria histórias enigmáticas se passando em lugares maravilhosos. É uma ficção que acontece no mundo real, mas com um pouco da imaginação do autor. Ele te faz pensar muito sobre em quem confiar e a todo momento te instiga a tentar resolver o mistério." ; Anna Beatriz Vieira

A arma escarlate ; Renata Ventura: "É de uma escritora brasileira que coloca o mundo de Harry Potter no cenário atual brasileiro. O livro é muito bom, usa as lendas do folclore, os feitiços são em tupi. Serão cinco volumes no total e nesse momento a autora está fazendo a revisão do terceiro." - Bárbara Cristine Silva

Em casa ; Uma breve história da vida doméstica, de Bill Bryson: "O livro é muito divertido e mostra a evolução da habitação humana. Sensacional" - Eriston Cartaxo

Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis: "Por causa da carpintaria literária" - Eduardo Pereira








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