Diversão e Arte

André Bergs faz uma HQ digital e animada. Ficou curioso?

André Bergs utiliza recursos interativos da animação a técnicas tradicionais e renova a narrativa das HQs

Alexandre de Paula
postado em 17/10/2017 08:45

Desde quando teve o primeiro iPad, Berg começou a imaginar intervenções que faria nas histórias em quadrinhos

Diretor de animação tailandês, André Bergs se aventurou no mundo dos quadrinhos. Com a bagagem do cinema, ele desenvolveu o que pode ser uma experiência transformadora no universo das HQs: um quadrinho digital, completamente animado, que se mexe de acordo com os movimentos do usuário no equipamento.

Disponível para download gratuito como um app (para iOs e Android), o quadrinho, chamado Protanopia, oferece uma experiência de imersão. Inclinando o dispositivo, é possível ver outros ângulos da cena, como se a história pudesse (e pode) ser lida de diferentes pontos de vista.

O quadrinho mistura técnicas tradicionais a elementos da animação em 2D e 3D e tem o mecanismo parecido ao de um jogo. A possibilidade de interação permitida por tablets e smartphones foi outro recurso fundamental para a criação de Protanopia.

Bergs escolheu a Segunda Guerra Mundial para ambientar a experiência. A história se passa no Dia D (6 de junho de 1944), quando os aliados chegam à Normandia. No quadrinho, um dos soldados propõe aos colegas se vestir de palhaço, em uma tentativa de se disfarçar e parecer imperceptíveis aos inimigos.

"A ideia da história veio durante uma conversa de almoço com um amigo meu em Bankgok. A visão de que todos os soldados estivessem disfarçados vestidos de palhaço me fez ter risadas por horas", disse Bergs ao site Motionographer.

Bergs conta que, desde que teve o primeiro iPad (seis anos atrás), ele começou a pensar no que seria possível fazer com as possibilidades dos quadrinhos digitais. "Eu queria ver o meio sendo usado melhor como uma ferramenta narrativa", explicou.

Foram anos de estudo para chegar a um formato possível e eficaz. "Então, ao longo dos anos, experimentei quando tive tempo, aprendendo principalmente o que não funciona. E eventualmente cheguei à forma que a Protanopia tem agora."

Bergs explicou também que deixou o som de fora do projeto para deixar Protanopia mais parecido de fato com uma HQ. "Eu percebi em um ponto que não deveria usar o som neste projeto. Poderia usar a música ambiental com certeza, mas a trilha de filme dita ou suporta os arcos de ritmo, tempo e tensão com muita força, e para um quadrinho ser um quadrinho (e não um filme) você deve deixar o leitor decidir o seu próprio ritmo", comentou.

O trabalho, segundo Bergs, foi tão grande quanto o de um pequeno filme. "A quantidade de trabalho que entrou na criação deste quadrinho é praticamente a mesma que se eu tivesse feito um curta de animação dele. Mas, eu aprendi muito com isso e sinto que o próximo deve ser muito mais fácil de construir", acredita.

[SAIBAMAIS]Bergs pretende agora desenvolver outro quadrinho aos moldes de Protanopia. "Eu estou dando esse quadrinho de graça para que as pessoas se excitem pelo meio e vejam quão longe o alcance pode ser. E então eu adoraria começar outro. Uma história serializada mais longa já está nos meus planos há algum tempo."

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