Diversão e Arte

Séries sobre médicos e hospitais fazem sucesso e representam um filão da TV

Séries como Grey's anatomy e The good doctor conquistam o público com histórias médicas

Ronayre Nunes
postado em 18/10/2017 07:30
Com a nova estreia de The good doctor, séries  mostram força
É quase impossível ignorá-las: marcando forte presença na TV e tratando sobre diversos contextos, as séries médicas apostam na emoção para prender uma verdadeira legião de fãs. Atualmente, essas produções são representadas por séries como Chicago Med, Grey;s Anatomy, Saving Hope, The Night Shift, e a estreante The Good Doctor. No passado, outras marcaram história, como House e E.R., e até o Brasil entrou no filão recentemente com Sob Pressão. Mas, afinal de contas, por que as séries médicas fazem tanto sucesso?

A curiosidade é a principal razão, pelo menos para o médico Luciano Carvalho, atual presidente da Associação Médica de Brasília. ;O médico sempre foi uma figura com papel social importante, é uma atividade ligada a um ponto de dificuldade com a saúde, que pode salvar. Por isso, sempre atiçou muito o imaginário social. Essas produções são uma forma de as pessoas entrarem em contato com a profissão;, defende Carvalho.

Samara Karaja é estudante de medicina e fã de carteirinha de House, uma das produções médicas de maior sucesso da história da tevê, e explica como a sua própria profissão foi afetada pelas produções de entretenimento. ;Eu comecei assistindo séries com meu pai, desde os 14 anos [atualmente, Samara tem 20] e acho que as séries são mais para levantar a curiosidade, apresentam casos muito raros, que são mais curiosos;, argumenta a estudante, que ainda completa: ;Acompanhar essas séries foi muito importante na decisão da minha profissão. Meu pai é médico, mas ele, com certeza, não me influenciou tanto quanto a série para seguir essa profissão;.


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Para o bem

Focando no contexto positivo das produções, Carvalho também aponta que apresentar o cotidiano de um hospital, por meio da produção de entretenimento, ajuda a promover uma maior interação com o público, desconstruindo uma espécie de ;mito; que possa cercar a profissão. ;Os médicos, mesmo em um ambiente de prestação de serviço, são simples humanos, acima de tudo. Desmistificar o exercício da profissão, mostrar o quanto eles são seres com imperfeições. Para as pessoas, isso é muito importante;, sustenta.

Mas e aquelas situações um tanto quanto absurdas das séries? Seria normal um médico operar um paciente com uma bomba no tórax, como é representado nesse tipo de produção? Segundo Carvalho, normal não é, mas é possível. ;Quem trabalha em emergência vê situação absurda todos os dias. Claro que muitos casos mostrados fogem do comum, mas podem ser bem reais. A emergência é um ambiente de extrapolação de toda a normalidade. Na maioria das vezes tem embasamento, sim;, sugere o médico.

Para o mal

Um dos grandes recursos usados pelas produções para manter a audiência do público é apostar forte na romantização de suas histórias. Tramas que envolvem o amor entre médicos, casos raros e nojentos muitas vezes servem só para chocar o público e manter uma base de audiência, pelo menos é o que defende Samara. ;Por mais que a curiosidade seja interessante, é inegável que eles querem romantizar muito a história. Isso é ruim porque acaba tomando o espaço de conteúdos mais reais;, explica Samara, que ainda completa: ;O grande problema de hospital tá ligado à saúde pública, não só de casos únicos. Deviam mostrar mais essa questão social, uma realidade mais falha e não só aquela gente bonita;.



Opinião do fã

Laís Siqueira, 21 anos, estudante de Gestão do Agronegócio, se considera uma fã de carteirinha de Grey;s Anatomy ; famosa série médica atual ; e explica que mais de uma década da série já lhe ensinou muito sobre saúde, respaldando assim a qualidade da produção: ;Eu acabo aprendendo muitas coisas, nomes de doenças, causas, tratamentos. Não que eu vá pôr em prática isso. No máximo, primeiros socorros, mas gosto muito;.

Já Kelly Pimenta, 20, estudante de direito, defende que a qualidade das produções é legitimada por apresentar a versão médica de um cotidiano complexo: ;Mesmo que seja algo superficial, quem assiste começa a ter um conhecimento que não é comum no dia a dia;.

Bruna Cardoso, 20, que estuda artes cênicas, lembra que um detalhe importante das séries médicas é a ligação com a importância da vida, que deixa sempre o público pensando em aproveitar mais seus melhores momentos. ;Acho que as séries médicas também te alertam sobre a efemeridade da vida. E, na série médica, acho que é maior, porque mostra muita gente morrendo;, aponta Bruna.

Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco.

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