Diversão e Arte

Biografia 'George Lucas: Uma vida' conta trajetória do cineasta

Livro conta a trajetória, desde a infância, de George Lucas, cineasta responsável por revolucionar a indústria e criar clássicos da sétima arte, como Star wars

Alexandre de Paula
postado em 11/12/2017 08:53
George Lucas é responsável pela saga de Star wars
A estreia de qualquer filme relacionado a Star wars gera furor e longas filas atualmente. Basta reparar a alta expectativa para o lançamento de Os últimos Jedi na próxima quinta-feira e os ingressos para a pré-estreia praticamente esgotados. O cenário, no entanto, era muito diferente em 25 de maio de 1977, quando o primeiro longa da franquia chegou aos cinemas, em apenas 32 salas americanas.
George Lucas enfrentou, na época, uma série de problemas para produzir o épico de fantasia espacial que mudaria a história do mundo do entretenimento. Cansado e esgotado da produção, Lucas batia cabeça entre robôs problemáticos e o clima completamente imprevisível do deserto da Tunísia. Durante a produção, o diretor tinha apenas uma certeza: Star wars seria terrível. Lucas, no entanto, como se sabe hoje, não poderia estar mais enganado.
A trajetória do homem por trás de Star wars é destrinchada em George Lucas: Uma vida, biografia de Brian Jay Jones, que acaba de ser publicada no Brasil. O livro traça um perfil extenso da história do diretor, desde a infância na cidade de Modesto, Califórnia, até a aposentadoria.
O livro passa inevitavelmente pela criação e os desdobramentos de Star wars. Desde a gênese dos personagens ao sucesso estrondoso e ao sofrimento do diretor antes, durante e depois da produção. George Lucas, porém, não foi só Star wars. Ele estava por trás de outros sucessos, como Indiana Jones, e por revoluções técnicas nas telonas (foi um dos precursores do cinema digital, por exemplo).

Valores

Para chegar a isso, o livro mostra que Lucas tinha alguns valores sólidos, que trazia quase como obsessão: a dedicação e o controle. Ele aprendeu com o pai que deveria sempre se dedicar e acreditava que o passado não importava caso houvesse isso. ;De fato, acredito que, neste país, é possível fazer qualquer coisa se você se dedicar;, disse certa vez.
Mas o que realmente sempre moveu Lucas foi o controle. E essa é a palavra central na biografia escrita por Jones. Desde o início, o cineasta quis manter tudo o que produzia completamente sob o seu poder. Quando começou, ainda na faculdade, a editar vídeos produzidos por outras pessoas já o irritava profundamente ter que se submeter aos desejos dos outros.
;O que ele simplesmente não gostava, acima de tudo, era de ser mandado. Irritava-o dizerem quais tomadas ele não podia usar;, escreve Jones. Foi assim também que percebeu que queria mesmo ser diretor. ;Enquanto eu fazia isso, meio que disse, ;Sabe de uma coisa? Talvez eu queira ser diretor. Não quero pessoas me dizendo o que fazer;;, disse Lucas.
Foi por isso também que, depois, quis fundar a Lucasfilm e não precisar se render às imposições de ninguém. ;Eles não respeitam talento. Eles não sabem o que é uma ideia e simplesmente passam por cima dela, e esse é o tipo de coisa que me deixa furioso;, disse quando o seu primeiro filme, uma distopia de ficção científica chamada THX 1138, foi rejeitado pela Warner.
Quando produziu Star wars, Lucas também sentiu isso. O financiamento da Fox economizou em etapas que ele considerava fundamentais, como a fabricação dos robôs e os efeitos especiais. Com a série de erros que aconteceram no set, Lucas começou a ter a certeza de que, se aquilo desse certo de alguma maneira, teria que começar a controlar também o dinheiro.

Irmão mais velho

Lucas manteve uma relação muito próxima com Francis Ford Coppola, o responsável por O poderoso chefão. Coppola era o irmão mais velho que Lucas nunca teve e foi fundamental no desenvolvimento do jovem cineasta. Os dois, como bons irmãos, brigavam muito, mas, de alguma forma, se entendiam.
Os dois planejaram ter o próprio estúdio e fugir do domínio das grandes corporações. O de Coppola se concretizou primeiro, mas também durou muito menos. A diferença estava nas ambições, enquanto Coppola tinha sonhos megalomaníacos e milionários, Lucas planejou começar aos poucos.
Trabalhar na Zoetrope, o empreendimento de Coppola, ensinou muito a Lucas também. ;George ficou muito desanimado com a minha administração boêmia;, contou Coppola, que gastava com equipamentos exóticos e celebrações caríssimas.
As lições da derrocada da Zoetrope foram fundamentais para a construção do império de Lucas, calcado, como o mostra o livro, em dedicação e controle.


Capa do livro George Lucas: Uma vida
George Lucas: Uma vida
Brian Jay Jones. BestSeller. 588 páginas. R$ 69,90.


1977
Ano de lançamento do primeiro Star wars


; Não autorizada
A biografia de Brian Jay Jones não contou com a colaboração do cineasta. Para compor o livro, de quase 600 páginas, o autor fez uma extensa pesquisa em documentos e arquivos sobre Lucas e ouviu amigos e colaboradores do diretor.

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