Diversão e Arte

Saiba mais sobre como começou o carnaval em Brasília

Origem da folia brasiliense teve inspiração no espírito carnavalesco do Rio de Janeiro, que continua com a força do samba

Irlam Rocha Lima, Adriana Izel
postado em 06/02/2018 06:30
Primeiro desfile das escolas de samba em Brasília
Foi ao som das cuícas, dos surdos e dos tamborins que nasceu o carnaval de Brasília. Com pioneiros vindos de diferentes estados, a folia bebeu de várias fontes, mas, no início, principalmente, do espírito carnavalesco do Rio de Janeiro. Era um desejo de Israel Pinheiro, administrador de Brasília, fazer, no meio do cerrado, o primeiro carnaval da chamada "Cidade Nova", que foi realizado oficialmente em 1961. No entanto, há relatos de folias antes disso, no fim dos anos 1950, em locais como o Brasília Palace Hotel e em acampamentos na Cidade Livre.

No chamado primeiro carnaval de Brasília, em 1961, a folia foi celebrada em bailes em clubes do Plano Piloto e na antiga Cidade Livre, o Núcleo Bandeirante, e com alguns solitários foliões nas ruas. ;A folia de Momo existia desde antes da fundação de Brasília e inicialmente ocorria na Travessa Dom Bosco, na Cidade Livre. Depois é que as festas passaram a ser promovidas na Estação Rodoviária, no Teatro Nacional (ainda inacabado), no Hotel Nacional e em clubes como AABB, Iate, Motonáutica e Unidade de Vizinhança;, recorda-se o cantor e pioneiro Fernando Lopes, de 85 anos.

No ano seguinte, o carnaval de Brasília viu surgir a cadência e a evolução das escolas de samba, com a presença das agremiações Alvorada em Ritmos, Brasil Moreno, Unidos do Cruzeiro (que se tornou na Aruc), Nós Somos Candangos e Pioneiros em Brasília. Os desfiles, durante muitos anos, foram o ponto alto do carnaval brasiliense e também serviram como base para o fomento do samba em Brasília e a disseminação do ritmo também nos blocos de rua.
Concentra, mas não sai é um dos blocos que valoriza o samba

;O samba de Brasília continua crescendo, tendo cada vez mais grupos e rodas, tudo isso por causa das escolas. Quando a capital foi inaugurada, um dos principais meios de lazer era o samba e, na época, foram criadas as escolas de samba;, afirma o sambista Breno Alves, do grupo 7 Na Roda e idealizador do projeto Sambas de Enredo, que celebra as escolas de Brasília.

Legado que se renova

Há quatro anos, as escolas não desfilam em Brasília. Mas o samba, ritmo centenário que surgiu no Rio de Janeiro e se alastrou pelo restante do país, continua fazendo parte da folia brasiliense sendo o gênero de blocos de rua, como Concentra, mas não sai, Agoniza, mas não morre, Pipoka azul e Herdeiros do samba, além do pré-carnavalesco Bloco do Peleja.

Fundado em novembro de 2000 e com primeira edição em 2001, o Concentra, mas não sai chega aos 18 anos mantendo a tradição sambista. O grupo surgiu quando amigos que moravam na região da 404/405 Norte se reuniram antes de ir para os blocos tradicionais. Ao som de muita música, eles acabaram ;se concentrando; e deixando de sair ; daí o nome do bloco. ;Cada um foi chegando com um instrumento e acabaram não saindo. Normalmente, a gente privilegia os músicos da região que tocam samba. Somos um bloco muito tradicional, por isso tem samba e marchinhas;, conta Dilson Rosa, um dos idealizadores.


Para Rosa, que está à frente do Concentra, mas não sai há quatro anos, o nosso quadradinho viveu uma mudança no carnaval nos últimos anos. ;Brasília, que foi a capital do rock, passou a ser também uma cidade do carnaval de rua. Isso tem tudo a ver com a identidade da capital. Aquela lenda de que não tem carnaval na cidade acabou;, defende o organizador e também folião. Completando a maioridade, o bloco terá dois dias de evento, no sábado (dia 10) e na segunda-feira (dia 12) de carnaval, a partir das 15h, no espaço entre as quadras 404/405 Norte.

Inspirado em uma música homônima consagrada por Nelson Sargento, o bloco Agoniza, mas não morre nasceu há cinco anos. ;Tivemos a ideia durante um bloco pré-carnavalesco e o samba foi escolhido porque todos nós temos a raiz no samba. Meu pai era músico, um dos fundadores do Clube do Choro, e o Marcos Osório e a Luana Loschi, que são os outros organizadores, também têm origem sambista;, conta Thais Leal.

Canções de Nelson Sargento, Cartola e Paulinho da Viola são parte do repertório que não pode faltar no bloco. Mas também há espaço para marchinhas e axé dos anos 1990, que são gêneros importantes para o carnaval. Neste ano, o bloco sai na entrequadra da 312/313 Sul e, no domingo, (dia 11), a partir das 14h.


Começo da união

Apesar de ter tido sua origem bastante ligada ao samba, com o passar dos anos o carnaval local foi ganhando mais ritmos e estilos. ;Brasília é um caldeirão da folia, onde cabe tudo. É a terra do samba, do frevo, do axé, do rock, do maracatu;, analisa Moacyr Oliveira, o Moa, presidente da Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc).
O Pacotão ocupou as ruas na primeira vez com ajuda da então escola Unidos do Cruzeiro

Moa, antes de se tornar presidente da agremiação, esteve no grupo de fundadores do bloco Pacotão, que completa 40 anos da criação neste carnaval. A origem do grupo, que é tradicional por tocar apenas marchinhas, tem relação com a Unidos do Cruzeiro, agora Aruc. ;Quando fomos fundar o Pacotão, nós procuramos a Aruc, que deu seu apoio. O primeiro cartaz do desfile dizia assim: o Pacotão e a Unidos do Cruzeiro convidam o povo para adentrar a avenida. Sempre trabalhamos juntos;, completa Moa.

Neste ano, o Pacotão sai às ruas no domingo (dia 11) e na terça (13), às 14h, na 302 Norte. A marchinha oficial é a canção Presidente despirocado. A música de Maria Sabina, Assis Aderaldo e Sóter faz piada com o atual presidente, Michel Temer.



Qual é o melhor de Brasília?
Em mais um ano, o Correio Braziliense premia os destaques da folia candanga com o Troféu #CBfolia2018, com o patrocínio do Big Box. Na primeira edição, Galinho de Brasília, Baratona e Suvaco da Asa receberam o prêmio por terem sido os blocos mais votados pelos leitores e o Babydoll de Nylon recebeu o troféu concedido por uma comissão julgadora do Correio. No segundo ano, a premiação foi para os blocos Babydoll de Nylon, Eduardo e Mônica e Raparigueiros, com menção honrosa ao Divinas Tetas. O prêmio de 2018 contará com uma enquete popular e uma comissão julgadora para eleger os quatro melhores blocos do carnaval de Brasília. A votação on-line é de 10 a 14 de fevereiro pelo site www.correiobraziliense.com.br/carnaval2018. Participe e poste nas redes sociais utilizando a hashtag #CBfolia2018. Que vençam os mais animados!

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação