Economia

Concurso do STJ tem 91% de reprovação em prova discursiva

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postado em 07/11/2008 21:13
O índice de reprovação para analista judiciário do Superior Tribunal de Justiça (STJ) assustou os concorrentes que se candidataram a uma das vagas do tribunal. Ao todo, 91% dos 675 candidatos que tiveram a prova discursiva corrigida foram reprovados, sendo apenas 58 classificados. Integrando o índice de reprovação estão vários dos primeiros colocados na prova objetiva do concurso, os quais perderam a chance de conquistar uma vaga no tribunal. Enquanto isso, candidatos que se classificaram em posições mais distantes, após o 400º lugar, por exemplo, acabaram ficando entre os primeiros e garantindo um espaço no serviço público. A seleção foi realizada para constituição de cadastro reserva do tribunal, porém, no dia 17 de setembro, dois meses após o lançamento do edital, a lei numero 11.777 criou 58 vagas no STJ para analista judiciário, o que garante a contratação dos aprovados ; coincidentemente para o mesmo número de vagas. O alto índice de reprovação, no entanto, está revoltando os candidatos que fizeram a prova. Eles alegam que o resultado se deu por irregularidades cometidas pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe) da Universidade de Brasília, órgão responsável pela organização da seleção. Segundo alguns dos candidatos reprovados, que preferem não se identificar, a prova discursiva teria cobrado conteúdos que não estavam no edital que rege a seleção. Outro argumento é o de que a prova discursiva foi composta por três questionamentos, os quais possuíam valores diferenciados, porém a diferença de pontos não teria sido informada pela empresa organizadora em momento algum. ;É um absurdo o que estão fazendo, um desrespeito para com os candidatos que passam dias e dias estudando;, avalia um dos reprovados na redação. O grupo se organizou e resolveu entrar na Justiça caso os recursos contra a prova não sejam aceitos pelo Cespe. Nesta sexta-feira (07/11) representantes dos candidatos foram até o deputado distrital Chico Leite (PT) reclamar o caso. O parlamentar é o autor do projeto de lei para regular os concursos públicos em âmbito distrital e afirma receber diversas reclamações a respeito das seleções locais e nacionais. ;A maioria das queixas é sempre quanto ao conteúdo cobrado, o qual não estaria de acordo com os editais. No caso do STJ, particularmente, analisaremos o que foi exposto e, se for o caso, tomaremos as medidas cabíveis, como uma representação no Ministério Público;, afirmou. Procurado, o Cespe disse por meio de nota que ;o assunto tratado na prova discursiva para analista judiciário estava dentro dos objetos de avaliação previstos no edital de abertura e era perfeitamente adequado ao cargo;. O órgão acrescentou que ;o fato de o candidato, conforme estabelecido no edital de abertura do certame, necessitar obter uma nota maior ou igual a 6,0 para não ser eliminado ; levando-se em conta que a prova valia 10,0 pontos e que havia correções de conteúdo e de forma ; pode ter colaborado para a ocorrência do alto índice de reprovação;. Ainda de acordo com a empresa organizadora da seleção, ;tanto o edital de abertura quanto a prova informavam aos candidatos o valor total da prova discursiva. A distribuição dos pontos entre os diferentes quesitos da prova discursiva leva em conta a complexidade e o grau de dificuldade do quesito;. A empresa destacou ainda que ainda está analisando os recursos contras as notas nas provas discursivas e que, portanto, o índice de reprovação não é definitivo. A reportagem também procurou a Comissão de Corcursos do STJ, mas não obteve qualquer reposta. Preparação Para o professor de gramática do Obcursos, Diego Amorim, está faltando preparação por parte dos alunos para enfrentar as provas discursivas. ;O índice de reprovação na prova discursiva vem sendo alto em várias seleções. Isso ocorre porque o candidato se prepara apenas para as questões específicas e objetivas e pensa que para a redação não é preciso nenhum estudo especial;, afirma. De acordo com o professor, as provas dircursivas testam mais que o domínio de conteúdo, e servem para medir a capacidade lógica de cada um dos avaliados. ;O que vemos muitas vezes é a crença de que ;qualquer coisa; basta para passar na redação. Se o aluno vai despreparado ele também erra;, avalia o professor. Para o educador, na hora de enfrentar as provas discursivas a receita é treino e muita humildade. ;Até porque a redação é eliminatória, e sem ela nada adianta;, conclui Amorim.

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