Economia

Analistas apostam em corte de um ponto percentual dos juros em março

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postado em 30/01/2009 08:17
O mercado financeiro está convencido de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) não só manterá o processo de queda dos juros, como o corte na próxima reunião, nos dias 10 e 11 de março, será de um ponto percentual. Essa visão se consolidou nesta quinta-feira (29/01) depois da divulgação da ata da reunião da semana passada, quando a taxa básica (Selic) baixou de 13,75% para 12,75% ao ano. Na avaliação dos especialistas, o Copom se deparou com uma economia em forte desaceleração, provocada, principalmente, pela contração e pelo encarecimento do crédito, que travou a produção e o consumo. ;O mundo virou de pernas para o ar, com os países mais ricos em recessão, o que atingiu em cheio a economia brasileira;, disse o economista-chefe da Corretora Concórdia, Elson Teles. Segundo ele, não haverá como o Copom escapar do um novo corte de um ponto da Selic, diante de todos os indicadores que serão divulgados até a sua próxima reunião. Na semana que vem, lembrou ele, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrará que, somente em dezembro, a produção industrial encolheu cerca de 12% ante o mesmo mês de 2007, o pior resultado mensal desde 1991, quando o país estava mergulhado em uma recessão. Com esse tombo, a retração da indústria no último trimestre de 2008 ficará entre 5% e 6%. Esse resultado, combinado com a redução das vendas do varejo, provocou, pelas contas de Teles, uma queda de pelo menos 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) entre outubro e dezembro na comparação com o terceiro trimestre. Por sinal, o resultado do PIB será divulgado exatamente no dia 10 de março, o primeiro dia da reunião do Copom, insuflando as pressões sobre os diretores do BC por mais ousadia na política monetária. Para Carlos Thadeu Filho, economista-chefe da SLW Asset Management, a redução de mais um ponto da Selic em março, para 11,75%, será inevitável, mesmo que a inflação de janeiro e fevereiro mostre pequena elevação. A seu ver, com o nível da atividade no chão, a tendência do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de convergir para o centro da meta perseguida pelo BC, de 4,5%. Ele acredita que a inflação pode fechar o ano em 3,9%, caso a Petrobras reduza em 10% os preços da gasolina. Segundo o economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira, o próprio BC tratou de minimizar as pressões inflacionárias na ata. ;O BC está vendo a inflação na meta neste ano e abaixo de 4,5% em 2010;, frisou. Ele destacou que os diretores do BC estão seguros dessa trajetória, porque não veem grande possibilidade de repasse da alta do dólar (32% no ano passado) para os preços. ;A atividade está fraca demais. Os estoques estão grandes. A pressão de demanda desapareceu e a indústria está, agora, com ociosidade;, explicou Pereira. Ele acredita, porém, que o Copom tenderá a ser um pouco mais comedido na redução da Selic. ;Acredito que os próximos cortes vão variar entre 0,50 e 0,75 ponto. Em compensação, o processo de flexibilização da Selic será mais prolongado;, assinalou.

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