Economia

Lama negra faz a riqueza de Araxá

postado em 09/08/2009 12:35
Ana Jacinta de São José, a lendária Dona Beja, morreu há 136 anos, mas ainda hoje um dos produtos que usava para ficar saudável e bonita movimenta um mercado diferenciado: a lama negra que brota das fontes de água sulfurosa do município de Araxá, no Alto Paranaíba mineiro, faz sucesso nos banhos do Ouro Minas Grande Hotel e Termas de Araxá e nos sabonetes, que já são vendidos até para fora do país. Segundo o gerente-geral da Nur Cosméticos, pioneira na fabricação dos sabonetes e outros produtos feitos à base da lama negra, Eduardo França Abdanur, a descoberta dos benefícios da matéria-prima se deu por acaso. %u201COs fazendeiros observavam que os bois que rolavam na lama ficavam com o couro que era uma beleza só%u201D, conta. Até então, os sabonetes eram feitos com cinza. As experiências com a lama deram certo e o negócio surgiu a partir daí. Por volta de 1918, há registros da produção dos sabonetes de lama, que eram chamados de %u201Cdequada%u201D. O pai de Eduardo, José Abdanur, de 81 anos, deu início à produção no começo da década de 1960. Hoje, a empresa familiar processa aproximadamente 10 toneladas de lama por mês. No ano passado, as vendas cresceram cerca de 7%. O produto é vendido para todo o país e também para os Estados Unidos e Portugal. Porém, estima-se que 30% da produção ficam na cidade para atender à demanda dos turistas. %u201CTodo mundo que passa por aqui compra o sabonete de lama%u201D, conta o vendedor da Doces Joaninha, Henrique Melo. Quando Araxá está movimentada, ele chega a vender até 100 sabonetes por dia. O pacote com três unidades custa R$ 7,50. Para Eduardo Abdanur, o momento é promissor. Apesar de o produto ser antigo, tem propriedades curativas e grande poder de limpeza. "Arrumamos a casa e agora vamos partir para vendas mais agressivas", diz. Por enquanto, Abdanur conta com um bom estoque de matéria-prima, fruto de pagamento que a empresa recebeu do Grande Hotel quando a Hidrominas foi obrigada a fechar as portas do balneário. "Fornecíamos sabonetes e eles tinham uma dívida grande, que foi paga com lama%u201D, conta. Mas quando precisar, o empresário sabe onde encontrar a matéria-prima. %u201CHá algumas outras fontes na região, como em Tapira (município vizinho de Araxá)", diz. A extração é feita manualmente. Depois, a lama tem de ser desidratada, esterilizada e enviada para análise em laboratório. O processo é melindroso, mas Abdanur garante que o resultado é muito bom. Tanto que o produto sobreviveu aos anos e está pronto para conquistar novos mercados, inclusive em novos formatos, como cremes, máscaras ou sabonetes líquidos. No Ouro Minas Grande Hotel, o banho de lama é o mais procurado. A gerente de Termas e Spa, Bárbara Raizzaro, conta que são, em média, 2 mil banhos por mês.

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