Economia

O que fazer com o 13°

O recomendável é usar o dinheiro para quitar dívidas. Uma parte dos recursos deve ser destinada ao pagamento de impostos que vencem no começo do ano. E, se sobrar um extra, é hora de pensar em investir. A tradicional poupança é boa opção

postado em 22/11/2009 08:57
O recomendável é usar o dinheiro para quitar dívidas. Uma parte dos recursos deve ser destinada ao pagamento de impostos que vencem no começo do ano. E, se sobrar um extra, é hora de pensar em investir. A tradicional poupança é boa opçãoO fim do mês está chegando e, com ele, vem a primeira parcela do 13; salário. É hora de pensar no que fazer com o dinheiro extra queimando no bolso. Os especialistas são unânimes: paguem suas dívidas! ;Especificamente, aquelas mais caras, de juros mais altos, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial;, recomenda Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). O cartão de crédito, por exemplo, cobra juros médio de 10,68% ao mês, segundo a Anefac, muito acima da inflação oficial medida pelo IBGE. Em outubro, por exemplo, o IPCA ficou em 0,28%.

;Se você tem dívida, use o dinheiro extra para zerar as contas ou reduzi-las bastante;, aconselha Mauro Calil, especialista em planejamento financeiro e sócio da Calil e Calil Centro de Estudos e Formação de Patrimônio. ;Não troque o celular, não faça compras e não invista. A remuneração que você vai receber em uma aplicação ficará abaixo dos juros a pagar em suas contas.; É a sugestão também de Felipe Chad, sócio da XP Investimentos. ;Procure entrar no próximo ano sem endividamento. Esse é o caminho certo para se ter um ano sem sobressaltos;, diz ele. ;Zeradas as dívidas e ainda com sobra de recursos na conta, pense no amanhã;, frisa Calil.

Janeiro e fevereiro são os meses de pagar a renovação da matrícula, a lista de material escolar, o IPTU e o IPVA. ;A carga é pesada. Então, seja previdente;, observa ele. Calcule essas despesas e reserve o dinheiro necessário para quitar tudo. ;Coloque na poupança e não mexa. Esses recursos estão carimbados;, recomenda Calil. Mas se eles faltarem, o consultor aconselha uma reflexão sobre o padrão de vida que você está levando. ;Essa é a demonstração mais palpável que suas despesas estão acima de sua capacidade de pagamento.; Corte gastos e procure ter uma sobra de 20% do salário ou da receita para poupar para uma eventualidade.

Guardar
Pagas as dívidas e feita a reserva para as inevitáveis despesas do início do ano, se ainda assim sobrar algum, o conselho do sócio da XP Investimentos é dividir o restante em duas partes: ;Uma parte deve fazer frente ao pagamento à vista dos presentes de Natal e das compras para a ceia;, afirma Chad. ;Esse é o caminho para não entrar no próximo ano devendo o cartão ou com carnê para pagar.; A outra parte, deve ser economizada. ;Nem que seja R$ 100. Poupar é uma questão de hábito. Então, guarde, nem que seja um pouquinho. Será melhor do que gastar tudo;, alerta Calil.

Na hora de decidir onde guardar o dinheiro, tudo vai depender do valor disponível para aplicação, de quando você vai precisar dos recursos, de sua propensão a risco. Assim, se o dinheiro é uma reserva para ser usada em uma eventualidade ou para a aposentadoria, por exemplo, e você não se incomoda com o risco, os especialistas recomendam uma aplicação em renda variável. ;Um fundo de ações ou mesmo a compra direta de ações pode ser uma boa alternativa;, diz Chad. ;Mas isso só vale para quem não se assusta com o sobe e desce da bolsa, o que pode ser muito incômodo para os mais conservadores;, observa Calil.

Para quem tem data certa para usar o dinheiro ; uma viagem de férias ou a compra de algum bem, por exemplo ; o melhor é aplicar em renda fixa. Quem não tem muito para investir e entende pouco do mercado financeiro pode optar pela caderneta de poupança. Com a redução da taxa básica de juros, a chamada Selic(1), a velha poupança está com um rendimento competitivo em relação aos fundos de investimento. ;Mas os fundos podem ser uma boa alternativa;, observa Calil. ;A pessoa só precisa buscar aquele que cobra menor taxa de administração para ter um rendimento mais alto.;

Outra alternativa citada pelo especialista é a aplicação no Tesouro Direto, uma modalidade em que o investidor aplica diretamente em títulos do Tesouro Nacional. ;A maior parte da carteira dos fundos está aplicada em títulos do Tesouro. Então, o rendimento será próximo ao de um fundo sem ter que pagar a taxa de administração;, diz Calil. Ou ainda o tradicional CDB, como recomenda Chad. O sócio da XP Investimentos frisa que, nesse caso, o investidor deve negociar a taxa com o banco para conseguir melhor remuneração para seu dinheiro. ;Chore com seu gerente que sua taxa poderá melhorar. Caso contrário, aplique mesmo no fundo ou na poupança;, conclui.


1 - Taxa Selic
O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) é informatizado e se destina à custódia de títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central, funcionando como registro e liquidação de operações com esses papéis. Esse sistema empresta o nome à taxa básica de juros, cujo percentual é definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Em 21 de outubro, essa taxa foi fixada em 8,75%.

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