Economia

Geap está sem presidente

Fundação de seguridade dos servidores federais aprova demissão de Regina Parizi após divergências técnicas e pressões políticas internas

postado em 24/11/2009 00:47
Parizi comandou processo de reorganização da Geap após insatisfação de parte dos usuários e das dificuldades de fechar as contas da fundaçãoA Fundação de Seguridade Social (Geap), maior gestora de programas e planos de planos de saúde para servidores públicos federais, decidiu exonerar a diretora-executiva Regina Parizi. Reunido na última sexta-feira, o Conselho Deliberativo (Condel) da entidade votou e aprovou o pedido de demissão apresentado por Parizi na semana passada. Divergências técnicas e pressões políticas motivaram a saída da executiva que estava à frente da fundação desde 2003.

A ex-diretora colocou o cargo à disposição por discordar da forma como foram feitas uma série de auditorias(1) internas. Funcionários ouvidos pelo Correio informaram que Parizi questionou os critérios adotados nas investigações e teria discordado dos resultados envolvendo gerências regionais da Geap. As investigações tiveram início em 2005 e vinham sendo discutidas pelo Condel, órgão máximo da fundação. Em nota, a Geap informou que o atual diretor de Administração e Finanças, Josemar Pereira dos Santos, responderá interinamente pela diretoria-executiva.

Nos últimos anos, a insatisfação de parte dos usuários e as dificuldades em fechar as contas obrigaram a fundação a iniciar um agressivo processo de reorganização. Foram revistas parcerias e contratos. A fórmula de rateio aplicada aos planos de saúde também foi atualizada, o que desagradou os associados ; que tiveram de pagar proporcionalmente a mais para incluir dependentes nos planos de saúde. Ainda não há uma definição sobre quem substituirá definitivamente a antiga dirigente.

Cabe ao governo a indicação do novo diretor-executivo. Nos bastidores, a queda de Parizi vem sendo atribuída a disputas políticas e à sucessão no Partido dos Trabalhadores. A Geap é uma entidade fechada de previdência complementar sem fins lucrativos e, apesar de atuar como instituição privada, sofre grande influência política. A entidade conta com 700 mil associados e tem 25 mil prestadores de serviço em todo o país. Os planos oferecidos não fazem distinção de idade.

Ângelo Luís dos Santos Neri, presidente da Associação Nacional dos Empregados da Geap (Anesg), disse que a demissão pegou a todos de surpresa. ;Vemos com preocupação e intranquilidade. A casa tem de andar;, resumiu. Segundo ele, enquanto esteve na Geap, Regina Parizi desempenhou papel técnico e político. ;Ela tinha boa penetração no Congresso Nacional. Aqui na Geap, o dirigente precisa ter os dois perfis;, completou. Procurada pelo Correio, a Geap não se manifestou. Regina Parizi não foi encontrada.

Julgamento
Em outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar uma das ações mais importantes para o futuro da Geap. O julgamento, empatado em um voto favorável e um contra, foi suspenso por um pedido de vista feito pelo ministro Ricardo Lewandowski. A ação em análise impede a entidade de firmar parcerias sem licitação com órgãos diferentes daqueles que a instituíram. Se o STF barrar os convênios, cerca de 250 mil pessoas ficarão sem cobertura.

Levantamento
O processo de auditoria interna por que passou a Geap é uma prática normal entre grandes organizações empresariais, incluindo planos de saúde, que periodicamente têm suas atividades averiguadas sob a ótica de regras de controle apropriadas à gestão. As auditorias também podem ser externas, quando realizadas por profissionais sem relação direta com o órgão ou a empresa analisados.

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